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ENSP 67 anos: ambiente, saúde e sustentabilidade pautam debate de aniversário

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Publicado em:03/09/2021
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) celebra, esta semana, seus 67 anos com uma série de atividades. Entre os temas escolhidos para as discussões esteve a relação entre ambiente, saúde e sustentabilidade, temática estratégica e transversal a toda a instituição, como destacado por Guilherme Franco Netto, coordenador do Programa de Saúde e Ambiente da Fiocruz, durante sua participação no painel Ambiente, Saúde e Sustentabilidade: políticas, experiências e perspectivas. O painel abordou o Programa Institucional Territórios Sustentáveis e Saudáveis, a vigilância popular em saúde, além da vigilância para Covid-19 e o telemonitoramento. 


Coordenado pela pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola, Clementina Feltmann, o painel contou com a participação da pesquisadora do Departamento de Endemias da ENSP, Marize Cunha, e da pesquisadora do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, Regina Daumas, além do coordenador do Programa de Saúde e Ambiente da Fiocruz, Guilherme Franco Netto, que apresentou O Programa Institucional Territórios Sustentáveis e Saudáveis (PITSS).

O PITSS é um programa da Fiocruz voltado para a indução, articulação e fortalecimento de ações territorializadas que promovam saúde e sustentabilidade nos territórios, considerando a integração de saberes e práticas sobre a determinação socioambiental da saúde e a integralidade da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Ele foi instituído, em 2019, pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) e pela Estratégia Fiocruz para à Agenda 2030 (EFA2030), com a assessoria técnica-científica do Grupo de Trabalho composto de pesquisadores da Fiocruz (GT-PITSS).

Os objetivos específicos do programa, segundo Franco Netto, estão muito bem definidos. Entre eles estão: a geração e o compartilhamento de conhecimentos sobre territórios sustentáveis e saudáveis, a sistematização e articulação de experiências em territórios sustentáveis e saudáveis, a indução, fomento e o apoio a novas iniciativas da Fiocruz no campo do TSS, a articulação com outras agendas coerentes com o tema, além da criação de redes de TSS, da consolidação de boas práticas que promovam territórios saudáveis e sustentáveis, e do apoio à formulação e implementação de políticas públicas que dialogam com o tema. 

Guilherme alertou, em sua apresentação, que 24% da humanidade global sofre de problemas de saúde relacionados ao meio ambiente, e entre os principais problemas estão a poluição do ar e as mudanças climáticas. “Não há como pensar saúde sem pensar nos aspectos de desenvolvimento sustentável”, refletiu. O coordenador também abordou em sua fala os conceitos de território, territorialidade e territorialização. De acordo com ele, o território é a base para agir sobre as determinações socioambientais da saúde e produzir efeitos transformadores na promoção da saúde e da sustentabilidade. 

Entrando na questão da determinação social da saúde, Netto destacou que os DSS são fatores não médicos que influenciam os resultados de saúde. “Os Determinantes Sociais da Saúde são as condições em que as pessoas nascem, crescem, trabalham, vivem e envelhecem, e o conjunto mais amplo de forças e sistemas que moldam as condições da vida diária. Entre eles estão os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população."

Encerrando sua apresentação, o coordenador destacou o conceito de Saúde e Sustentabilidade e os critérios que caracterizam iniciativas de territórios saudáveis e sustentáveis. Por fim, citou o edital Inova Fiocruz PITSS/Covid-19, que contou com 60 projetos submetidos e 13 aprovados, entre eles, 2 projetos da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.

Vigilância Popular em Saúde

A pesquisadora do Departamento de Endemias Samuel Pessoa (Densp/ENSP), Marize Cunha, deu continuidade ao painel falando sobre a vigilância popular em saúde, destacando que o lugar da vigilância é autônomo, ou seja, é da população. “Os pesquisadores atuam apenas como mediadores”, lembrou. Marize integra o grupo de pesquisadores do Laboratório Territórios em Movimento (LTM), que atua com moradores de favelas, principalmente Manguinhos, Alemão e Rocinha, na produção compartilhada de conhecimentos.

Em sua apresentação, a pesquisadora ressaltou a importância de enfrentar a tristeza (diante de todo o contexto brasileiro) para a personalização e humanização da informação e se pensar em novos caminhos. “É fundamental pensarmos em informações, pois vivemos em outros tempos. É importante destacar o papel da Fiocruz como uma das únicas instituições em que a população confia. Neste momento, isso é muito importante”, defendeu. 

Marize citou, ainda, o projeto “Covid-19 como situação limite”. Um projeto com o território, em parceira com outros projetos do LTM. Por fim, Cunha ponderou que é importante ampliar e conhecer os processos de determinação social da saúde e promoção da saúde a fim de entender como os modos de vida impactam nesses processos. 

Vigilância da Covid-19 e telemonitoramento

Finalizando o painel Ambiente, Saúde e Sustentabilidade: políticas, experiências e perspectivas, a pesquisadora do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, Regina Daumas, apresentou a pesquisa “Vigilância da Covid-19 e telemonitoramento: experiências de serviço e pesquisa na Atenção Primária à Saúde”. Como desafios para a Atenção Primária, Daumas citou manter o atendimento a outras condições de saúde, evitando a morbimortalidade por outras causas associadas à desassistência, além da ampliação da capacidade de resposta local para reduzir a disseminação da infecção e amenizar os efeitos sociais e econômicos das medidas de distanciamento social.

No âmbito da vigilância e monitoramento, ela descreveu que o telemonitoramento foi realizado por diferentes grupos profissionais ao longo do tempo, com os objetivos de comunicar resultados de PCR, orientar isolamento do caso, orientar quarentena, investigar e orientar sobre sinais de alerta, qualificar o encerramento dos casos no e-SUS notifica, identificar outros problemas de saúde, por exemplo, tuberculose, além de gerar informações para subsidiar ações da gestão e comunidade.

Por fim, a pesquisadora pontuou que, neste momento, devido ao aumento de casos com a entrada da variante delta, os profissionais de Saúde, especialmente da Atenção Primária à Saúde (APS), estão convivendo com forte demanda por cuidados de saúde adiados, com uma Rede de Atenção à Saúde ainda deficiente, além de número pequeno de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) por equipe, ausência de políticas de apoio ao isolamento de casos e quarentena de contatos e da falta de integração entre sistemas de informação.

“É preciso estruturar a APS com pessoas e recursos materiais adequados para cumprir sua missão. É fundamental, por exemplo, estruturar núcleos de vigilância locais que possam apoiar as Estratégias de Saúde da Família (ESF) e construir estratégias humanas e solidárias que atendam às necessidades dos usuários e da comunidade, considerando os limites e as necessidades dos trabalhadores da saúde”, concluiu Daumas. 

+ Acesse o Canal da ENSP no YouTube e assista ao painel na íntegra. 

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