Em dia mundial, pesquisadora da ENSP fala sobre a evolução da segurança alimentar
Em 7 de junho é celebrado o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos. A data tem o objetivo de chamar a atenção e inspirar ações que ajudem a prevenir, detectar e gerenciar os riscos de origem alimentar, contribuindo para a segurança alimentar, saúde, direitos humanos, prosperidade econômica, agricultura, acesso a mercados, turismo e desenvolvimento sustentável. Nesta data comemorativa, a pesquisadora da ENSP, Letícia Cardoso, destacou a relevância e a evolução da relevância da segurança com o alimento nas últimas três décadas.
O tema deste ano, “Alimentos seguros agora para um amanhã saudável”, destaca que a produção e o consumo de alimentos seguros trazem benefícios imediatos e de longo prazo para as pessoas, o planeta e a economia. Reconhecer as conexões entre a saúde das pessoas, animais, meio ambiente e economia nos ajudará a atender às necessidades do futuro.
Em comentário especial para o Informe ENSP, a pesquisadora do Departamento de Epidemiologia da Escola, Letícia Cardoso, destacou a relevância e a evolução da relevância da segurança com o alimento nas últimas três décadas no país, ampliando essa visão para a América Latina e contextualizando com o que preconiza a campanha da Opas/OMS.
Segundo Letícia, nos últimos anos ampliamos o foco do que é um alimento seguro, bem como ampliamos o conceito, especialmente no Brasil, mas também dentro da América Latina, do que chamamos de segurança alimentar. No passado, a preocupação maior era o foco da contaminação microbiana.
“Para isso, se instituiu em diferentes países da América Latina, órgãos reguladores e agências capazes de certificar que os alimentos eram seguros sob o ponto de vista microbiológico, desde o processamento; tempo de vida; e armazenamento, assim como do ponto de vista nutricional, ou seja, alimento com rotulagem clara sobre os ingredientes (alertas sobre conter glúten, para portadores de doença celíaca e contém açúcar, para diabéticos)”, explicou ela.
Em um passado não muito distante, o foco era avançar na segurança microbiológica e nutricional dos alimentos. De acordo com a pesquisadora, atualmente, a discussão é se o alimento é seguro do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, da contaminação de pesticidas, e se cumpre a regulamentação da quantidade segura de pesticidas.
“Sabemos que a realidade não é exatamente essa, infelizmente. Por isso, tentamos avançar nesse sentido, mas tivemos retrocessos, pautando a questão da segurança do nível de agrotóxicos, pensando na sustentabilidade da produção do alimento, e também pensando do ponto de vista do sistema de produção como um todo, não apenas na questão dos aditivos químicos, que podem prejudicar a saúde”, advertiu ela.
Para a pesquisadora, nos últimos anos ampliamos a questão da segurança dos alimentos, na medida em que avançamos no conceito de segurança alimentar, incluindo questões mais amplas de sustentabilidade, meios de produção, e produção ecologicamente sustentável, que não agridam o planeta e o meio ambiente e que sejam seguros à população.
“Avançamos no sentido de pensar de uma maneira mais ampla e sustentável o conceito de alimento seguro, apesar de atualmente no Brasil estarmos regredindo com relação à fome e à segurança alimentar. Porém, não podemos desencorajar a discussão, a pauta e as políticas que também se preocupem com o meio ambiente”, ressaltou Letícia.
Opas/OMS celebrará a data com evento on-line
Para comemorar, a OPAS/OMS realizará um evento on-line em que se abordarão os temas de boas práticas de produção e manipulação de alimentos, mudança climática e inocuidade e rastreabilidade. Todos têm um papel a desempenhar, do campo à mesa, para garantir que os alimentos que consumimos sejam seguros e não causem danos à nossa saúde.
A alimentação segura é essencial para promover a saúde dos consumidores e acabar com a fome, dois dos 17 principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O dia internacional é uma oportunidade para fortalecer os esforços para reduzir o risco de doenças transmitidas por alimentos e garantir que eles sejam inócuos.
Sobre a pesquisadora Letícia de Oliveira Cardoso
Possui graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000), mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003) e doutorado em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) da Fiocruz (2010), instituição na qual é pesquisadora em Saúde Pública desenvolvendo suas atividades no Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde.
Tem experiência na área de Nutrição e Saúde Pública, com ênfase em Epidemiologia Nutricional, atuando em projetos de pesquisa que abordam os seguintes temas: magnitude de agravos nutricionais em populações, consumo e práticas alimentares, doenças crônicas, pensamento sistêmico, saúde urbana. Mais recentemente vem desenvolvendo linha de pesquisa sobre ambiente alimentar em suas variadas dimensões, analisando e desenvolvendo diferentes métodos de aferição e sua associação com desfechos de saúde.
Foi Visiting Schoolar na Dornsife School of Public Health - Drexel University durante o ano de 2015. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP/ Fiocruz entre 2016 e 2019. É pesquisadora do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), do projeto Saúde Urbana na América Latina (SALURBAL), editora associada nos Cadernos de Saúde Pública e é bolsista do programa Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ desde 2016.
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