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Desemprego e sobrecarga recaem mais sobre mulheres na pandemia

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Publicado em:08/03/2021
Estudos e pesquisas têm mostrado que a pandemia impactou profundamente a vida e o trabalho das mulheres. Elas apresentam as maiores taxas de desemprego e um acúmulo de funções, tanto entre as que têm remuneração, como aquelas que não tem trabalho remunerado, mas que também acumulam mais carga de trabalho doméstico e cuidados com outras pessoas, como filhos e parentes. 

Ao longo de 2020, no Brasil a taxa de desemprego feminina e a parcela de mulheres fora da força de trabalho aumentou. Os dados da Pnad-Contínua, do IBGE, mostraram que, no terceiro trimestre de 2020, o Brasil registrou 8,5 milhões de mulheres a menos na força de trabalho, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A taxa de participação das mulheres na força de trabalho ficou em 45%, 14% menos do que em 2019. 


Para saber mais, baixe o relatório "Sem Parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia" (anexo abaixo, na página, em pdf)

Além do impacto sobre o emprego, outros estudos mostram consequências da pandemia sobre a vida das mulheres. A pesquisa "Sem parar: o trabalho e a vida ds mulheres na pandemia", realizada pelas organizações Gênero e Número em parceria com a Sempre Viva Organização Feminista analisou os efeitos pandemia e do isolamento social sobre o trabalho, a renda das mulheres e a sustentação financeira, contemplando o trabalho doméstico e de cuidado realizado de forma não remunerada no interior dos domicílios.

O estudo concluiu que 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia. Das mulheres que passaram a se responsabilizar pelo cuidado de alguém, 52% eram negras; 46% brancas e 50% indígenas. No caso das mulheres rurais esse percentual alcança 62% das entrevistadas. A pesquisa indica como as desigualdades raciais e de renda marcam a vida e o trabalho das mulheres na pandemia, assim como a diversidade de experiências de mulheres rurais e urbanas.

“O cuidado está no centro da sustentabilidade da vida. Não há a possibilidade de discutir o mundo pós-pandemia sem levar em consideração o quanto isso se tornou evidente nesse momento de crise global, que nos fala sobre uma “crise do cuidado”, concluíram os autores do relatório. 

Das mulheres que seguiram trabalhando durante a pandemia com manutenção de salários, 41% afirmaram trabalhar mais na quarentena, e 40%  afirmaram que a pandemia e a situação de isolamento social colocaram a sustentação da casa em risco. Alguma forma de violência sofrida no período de isolamento foi relatada por 8,4% das mulheres. 

De acordo com o estudo, a organização do cuidado ancorada principalmente na exploração do trabalho de mulheres negras e no trabalho não remunerado das mulheres é um modelo que leva a um "fracasso retumbante para a busca de redução das desigualdades antes e durante a pandemia do coronavírus". Além disso, as relações entre trabalho e atividades domésticas se imbricaram ainda mais, e se antes pagar por serviços era a solução possível para algumas, a pandemia mostrou a intensificação do trabalho das mulheres como um todo. Elas trabalham mais porque as tarefas ainda não são distribuídas igualmente no ambiente doméstico. Entre tantas dimensões de desigualdades evidenciadas neste período, a sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidado foi uma das questões que as mulheres sentiram logo que as medidas de isolamento social foram iniciadas nos municípios brasileiros. 






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