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Artigo analisa mortalidade hospitalar por covid-19 nos primeiros meses da pandemia

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Publicado em:28/01/2021
O artigo COVID-19 hospitalizations in Brazil’s Unified Health System (SUS), publicado pela Plos One, analisa 89.405 internações, das quais 24,4% resultaram em óbito. O objetivo do estudo foi identificar fatores associados à mortalidade hospitalar relacionada à COVID-19 no SUS, nos quatro primeiros meses da pandemia, em todo o país. O levantamento foi realizado por um grupo de pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.

“O estudo aponta ampla variação na mortalidade hospitalar por COVID-19 no SUS, associada a fatores demográficos e clínicos, desigualdade social e diferenças na estrutura dos serviços e desempenho dos serviços de saúde”, afirmou Margareth Portela, autora correspondente do artigo.

No que concerne aos fatores clínicos, o estudo ratificou maiores chances de óbito entre pacientes com comorbidades, destacando-se o efeito independente da obesidade. Em condições semelhantes, pacientes obesos tiveram chances 56,3% maiores de óbito hospitalar do que não obesos. Além disso, pacientes que tiveram o registro de COVID-19 como diagnóstico secundário, internadas por outros diagnósticos e passíveis de terem adquirido a infecção durante a internação, tiveram chances 14,9% maiores de morrer do que aqueles em que a doença foi registrada como diagnóstico principal.

A pesquisa revela que os pacientes de COVID-19 internados no SUS no período considerado eram predominantemente do sexo masculino (56,5%), com média de idade de 58,9 anos. O tempo de internação variou de menos de 24 horas a 114 dias, com média de 6,9 dias. Do total de internações, 22,6% relataram uso de UTI. As chances de morte hospitalar foram 16,8% maiores entre os homens do que entre as mulheres e aumentou expressivamente com a idade. Indivíduos pretos mostraram-se com maior risco de óbito. 

Locais de internação e custos

Com relação aos locais de internação, a maior parte das hospitalizações por COVID-19 ocorreu em hospitais públicos municipais (42,0%), seguidos por hospitais públicos estaduais (32,1%) e hospitais filantrópicos (20,2%). A participação de hospitais privados contratados pelo SUS foi de 4,6%, enquanto a dos hospitais federais ficou em 1,1%. 

No conjunto, as internações representaram para o SUS um gasto aproximado de 332,10 milhões de reais (R$), que variou por paciente entre R$ 40,40 e R$ 111.914,50. Do total de internações, 22,6% registraram uso de UTI e representaram 66,4% do valor total pago pelo conjunto de internações por COVID-19. Nessas internações, o tempo de permanência hospitalar médio foi 10,3 dias e o valor pago por internação médio foi de R$ 11.083,10. Especificamente na UTI, o tempo de permanência médio foi de 7,6 dias.

Óbitos x Estados

O estudo identificou, ainda, ampla variação no risco de morte hospitalar entre estados, refletindo desigualdades na distribuição de recursos hospitalares complexos, capacidade de gerenciamento das ações de enfrentamento à COVID-19 e qualidade do cuidado de saúde. Mostraram-se especialmente críticos os resultados observados no Amazonas, Acre, Amapá, Rio Grande do Norte, Alagoas e Rio de Janeiro, seguidos pelo Ceará, Paraíba, Pará, Pernambuco e Maranhão.  “As chances de óbito durante a internação foram 72,1% maiores nos municípios com pelo menos 100 mil habitantes, valendo ainda sublinhar que a internação em hospital no mesmo município de residência do paciente foi um fator protetor em relação ao desfecho considerado”, explicou Portela.

O artigo COVID-19 hospitalizations in Brazil’s Unified Health System (SUS) foi publicada em dezembro de 2020 na revista científica Plos One.

Foto: SCHINCARIOL/AFP

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