Artigo defende manutenção do calendário olímpico, apesar do zika

O artigo foi publicado mediante o protocolo de 'fast track' que a revista adotou para temas relacionados ao vírus Zika, com processo acelerado de submissão e disponibilização pública. Criada em 1909, a revista 'Memórias' é um dos mais antigos e importantes periódicos científicos da América Latina, com posição de destaque nas áreas de Medicina Tropical, Biologia Parasitária e Microbiologia.
O artigo ressalta que, conforme preconizado pela OMS, as gestantes devem evitar viajar para as regiões afetadas pelo vírus Zika. “A recomendação para o público em geral é comparecer normalmente [aos Jogos Olímpicos], mantendo em vista as orientações da OMS e das autoridades sanitárias brasileiras”, afirma o texto. Para avaliar o risco de transmissão do vírus Zika durante as Olimpíadas, os pesquisadores consideraram o histórico de casos de dengue – doença transmitida pelo mesmo vetor – desde 2010. Os registros mostram que a atividade do A. aegypti é muito baixa no Rio de Janeiro nos meses de agosto e setembro, com a incidência da dengue variando entre um e sete casos para cada cem mil habitantes neste período.
Segundo os cientistas, diversas pesquisas apontam que a capacidade vetorial desses insetos é fortemente reduzida quando a temperatura mínima fica abaixo de 22ºC a 24ºC e, na capital fluminense, as temperaturas mínimas só costumam ficar acima desse patamar a partir de novembro. “Por causa dessa baixa capacidade vetorial, as doenças transmitidas por vetores apresentam risco mínimo de transmissão durante o inverno”, afirmam. Com base nas estatísticas, os pesquisadores estimam que, entre os 350 mil e 500 mil turistas esperados nas Olimpíadas, devem ocorrer quatro casos de dengue com sintomas, com a margem de erro variando entre um e 36.
Segundo os pesquisadores brasileiros, os cientistas internacionais não levaram em conta a sazonalidade das doenças transmitidas pelos A. aegypti na sua argumentação em defesa do adiamento ou realocação dos Jogos Olímpicos. “Nas notificações de Zika na cidade, já é observada uma redução desde abril 2016”, diz o artigo. Ainda em resposta aos pesquisadores internacionais, os cientistas brasileiros ressaltam que o aumento nos registros de dengue em 2015, destacado na carta aberta, foi percebido pela comparação com o ano de 2014, que apresentou um número historicamente baixo, por causa da seca no Brasil. Porém, em comparação com 2011, 2012 e 2013, o ano de 2015 apresentou um terço do número de casos de dengue.
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Fonte: Portal Fiocruz
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