Brasil teve quase 5 milhões de acidentes de trabalho em 2013

Célia Landmann destacou alguns dos dados da pesquisa, que vistou 81254 domicílios e fez 60202 entrevistas individuais.
"Foi a primeira vez em que se fez perguntas sobre acidentes de trabalho. Primeiramente, sobre acidentes de trânsito. Do total de pesquisados, 3,1 % relataram ter sofrido algum acidente de trânsito. Desses, 1,3% estavam indo ou voltando de seus empregos. Condutores de moto e passageiros representam quase a metade desses números. Quase 50% dos acidentados tiveram suas atividades interrompidas, sequelas ou incapacitações", disse Célia.
Desconsiderando os acidentes de trânsito, 2,8% dos entrevistados relataram ter sofrido acidentes de trabalho.

Heleno Rodrigues, da UNB, destacou a importância da pesquisa, que para ele apresenta um grau de aprofundamento inédito.
"Antigamente, quando queríamos pesquisar as condições de trabalho, não tínhamos dados nacionais. Portanto, seria muito difícil concentrar todos esses números pegando as pesquisas dos estados e municípios. Sem falar do aprofundamento gerado pelas pesquisas individuais".
Para exemplificar as dificuldades experimentadas pelos pesquisadores da área no passado, Rodrigues lembrou de uma ocasião em que compararam dados dos trabalhadores da indústria do amianto do Brasil com os da África do Sul.
"Como na África os riscos a que os trabalhadores estavam submetidos eram muito maiores, a comparação serviu para que se propagasse, no Brasil, o discurso de que nossa indústria do amianto não era nociva a seus trabalhadores. Agora, com os dados da PNS, teremos condição de fazer comparações com nossos próprios dados. Não dá mais para virem com o um velho discurso de que nossos trabalhadores são super-saudáveis", ressaltou o pesquisador.
Ao destacar as possibilidades que os dados da PNS trarão para quem pesquisa saúde do trabalhador, Rodrigues listou uma série de riscos que devem ser evitados por quem manejar com os números.

Também no sentido de deslocar a abordagem que foca nas ações individuais para um olhar direcionado às determinações sociais da saúde, o pesquisador sugeriu que a propalada expressão ato inseguro deve ser substituída por condições inseguras.
Feitas as ressalvas, Heleno Rodrigues acredita que bons frutos virão dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde.
"É hora de colocarmos a mão na massa. Sou otimista com relação aos jovens pesquisadores que queira se debruçar sobre esses dados. Desejo, para o futuro, não só boas teses de mestrado ou doutorado mas também a elaboração de métodos de análise".
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