Demência que mais prevalece em idosos, Alzheimer cresce nas capitais brasileiras
Para o conjunto das capitais do país, o grupo etário de pessoas com 80 anos ou mais apresentou, no período de 2000 a 2009, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, evolução na mortalidade por doença de Alzheimer de 15,5% entre as mulheres e de 14% entre os homens. Na faixa etária de 60 a 79 anos, a elevação foi de 8,4% entre as mulheres e 7,7% entre os homens. Os resultados são do artigo Doença de Alzheimer: estudo da mortalidade no Brasil, 2000-2009, publicado no volume 31, número 4, da revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP. Segundo o estudo, a doença de Alzheimer é o tipo de demência que mais prevalece entre os idosos no mundo.
Recentemente, as doenças cardiovasculares e neuropsiquiátricas passam a ocupar lugar de destaque, tornando-se rapidamente um problema de saúde pública, particularmente as demências, pelo grande impacto na população idosa. O rápido envelhecimento populacional brasileiro ocorrido nas últimas décadas, fruto da transição demográfica, produziu essa mudança na pirâmide etária brasileira, com o aumento da expectativa de vida. Paralelamente à transição demográfica, observou-se mudança nos padrões de morbimortalidade, com predomínio das doenças e agravos não transmissíveis.
Esse trabalho, desenvolvido pelas pesquisadoras da ENSP Jane Blanco Teixeira e Mariza Theme, em parceria com Paulo Roberto Borges de Souza Junior, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), e Joelma Higa, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi publicado na edição de abril de 2015 do Cadernos de Saúde Pública. O artigo aponta que a doença de Alzheimer corresponde a 60% dos quadros demenciais, sendo a mais prevalente no mundo todo.
Segundo os pesquisadores apresentam no texto, atualmente, 35,6 milhões de pessoas convivem com a doença e a estimativa é que esse número praticamente dobre a cada 20 anos, chegando a 65,7 milhões em 2030. ‘É a principal causa de dependência funcional, institucionalização e mortalidade entre a população idosa, e associada a vários fatores de risco como doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e hiperlipidemia. Além desses fatores, idade, sexo, baixa escolaridade, depressão e alterações genéticas podem ser responsáveis pelo aumento da incidência da doença’, revela o estudo.
A pesquisa destacou o aumento da mortalidade por doença de Alzheimer no contexto das doenças crônicas como um indicador aproximado da prevalência da doença na população. Nela, foram apontadas também estratégias de assistência ao cuidado dos portadores de doenças de longa duração. Para esta pesquisa, foram calculadas as taxas de mortalidade padronizadas por idade e sexo nas capitais brasileiras, e se observou a variação percentual por meio de ajuste por regressão exponencial.
Em seu trabalho, os autores afirmaram que trata-se do primeiro estudo de abrangência nacional sobre a mortalidade por doença de Alzheimer no Brasil. Eles afirmaram ainda que "a compreensão do aumento da mortalidade por doença de Alzheimer nos defronta com grandes desafios. Se por um lado, o envelhecimento populacional, a oferta de métodos diagnósticos e a melhor capacitação profissional para o diagnóstico da doença justifiquem seu aumento, a redução da prevalência dos principais fatores de risco, o persistente estigma da doença e a visão de que ela faz parte do processo natural do envelhecimento, atuariam em sentido oposto".
Entretanto, o crescimento da mortalidade por doença de Alzheimer tem sido descrito em países de alta e média renda. Revisão sistemática sobre incidência, prevalência e mortalidade por doença de Alzheimer realizada na China concluiu que a carga da doença neste país está subestimada e que a velocidade de crescimento real é 20% maior do que as estimativas das agências internacionais de saúde. Além disso, novas teorias vêm despontando para explicação do aumento da doença de Alzheimer. Estudo realizado em dez países desenvolvidos (Austrália, Canadá, Itália, Holanda, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Japão e França), onde as informações sobre dados vitais são de melhor qualidade, verificou também incremento da mortalidade. Nesse caso, atribui-se as mudanças no comportamento da doença mais a fatores epigenéticos do que ao aumento da longevidade. Assim, novos horizontes se abrem para a compreensão da doença, vislumbrando-se nos estudos de multicausalidade a explicação para sua evolução.
Entretanto, o crescimento da mortalidade por doença de Alzheimer tem sido descrito em países de alta e média renda. Revisão sistemática sobre incidência, prevalência e mortalidade por doença de Alzheimer realizada na China concluiu que a carga da doença neste país está subestimada e que a velocidade de crescimento real é 20% maior do que as estimativas das agências internacionais de saúde. Além disso, novas teorias vêm despontando para explicação do aumento da doença de Alzheimer. Estudo realizado em dez países desenvolvidos (Austrália, Canadá, Itália, Holanda, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Japão e França), onde as informações sobre dados vitais são de melhor qualidade, verificou também incremento da mortalidade. Nesse caso, atribui-se as mudanças no comportamento da doença mais a fatores epigenéticos do que ao aumento da longevidade. Assim, novos horizontes se abrem para a compreensão da doença, vislumbrando-se nos estudos de multicausalidade a explicação para sua evolução.
O objetivo deste estudo foi descrever a evolução da taxa de mortalidade por doença de Alzheimer no Brasil. Para tanto, foram utilizados dados de base populacional, com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). O que os pesquisadores esperam com esta pesquisa, destacaram eles no artigo, é que esta análise venha contribuir para uma visão mais ampliada do problema, subsidiando ações específicas de integralidade e intersetorialidade de saúde aos portadores da doença de Alzheimer.
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