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Idosos são mais insatisfeitos com o corpo

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Publicado em:12/12/2014
Idosos são mais insatisfeitos com o corpoOs homens idosos apresentaram elevada insatisfação com a sua imagem corporal (IC) por excesso de peso, apesar de mais baixa que a apresentada pelas mulheres idosas, e prevalência mais alta de insatisfação com a IC por baixo peso foi observada entre os idosos quando comparados às idosas". Essa é uma das conclusões a que chegou a aluna de mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP, Liliane da Silva Albuquerque, em sua pesquisa realizada com a população de base do Estudo ELSA-Brasil, que avaliou 15.105 funcionários públicos de seis instituições, distribuídas pelas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. O objetivo do trabalho foi analisar a associação entre a insatisfação com a IC e variáveis sociodemográficas, hábitos e comportamentos relacionados à saúde, segundo estratificação por sexo e por idade (adultos entre 35 e 59 anos e idosos entre 60 e 75 anos de idade). A orientação ficou a cargo da pesquisadora Maria de Jesus Mendes da Fonseca.
 
Apesar dos homens idosos apresentaram prevalência elevada de insatisfação com a sua IC por excesso de peso, as mulheres idosas estão mais acima do peso. Também há prevalência mais alta de insatisfação com a IC por baixo peso entre os idosos quando comparados às idosas.
 
Liliane observou em sua investigação altas prevalências de insatisfação com a IC em todos os grupos. Entre os homens foi observada prevalência mais elevada de insatisfação com a IC por baixo peso, enquanto que entre as mulheres foi mais elevada a insatisfação com a IC por excesso de peso. Foram observadas associações significativas nos modelos ajustados, entre a IC e a escolaridade (entre os adultos), com o estado civil (entre as mulheres adultas e  homens idosos), com a prática de atividade física (entre os adultos), com o consumo de frutas e verduras (mulheres adultas e idosas respectivamente), com o consumo de álcool (homens adultos e mulheres idosas) e com o hábito de fumar (em todos os grupos).
 
Segundo a aluna, o conceito de IC é amplo, sendo que sua construção envolve processos fisiológicos, psicológicos e sociais e pode ser entendido como a figuração do corpo formada na mente do sujeito, que nem sempre reflete de fato a figuração real do corpo em questão. Dentre os fatores que podem afetar a IC, ela cita a internalização de mensagens e imagens expostas pela mídia de uma forma geral. “O modelo de corpo ideal comumente veiculado é pautado em corpos extremamente magros para as mulheres e fortes e musculosos para os homens, modelos dificilmente alcançáveis e que não representam necessariamente modelos ideais para saúde dos indivíduos. Essa pressão favorece o desenvolvimento de distorções e insatisfação com a IC, resultando em comportamentos de risco para a saúde como os distúrbios alimentares.”
 
No entanto, acrescenta ela, paradoxalmente ao culto aos corpos magros, há um grande aumento da prevalência do excesso de peso de uma maneira geral. No Brasil, a situação é semelhante aos países desenvolvidos no que se refere ao aumento do excesso de peso.
 
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008 - 2009 destacou que a população de 20 anos ou mais sofre um aumento contínuo de excesso de peso e obesidade desde 1974. A pesquisa aponta que o excesso de peso quase triplicou entre homens nos últimos 34 anos, passando de 18,5% para 50,1% e embora com um aumento um pouco menor, passou de 28,7% para 48% entre as mulheres. 
 
Já a obesidade cresceu mais de quatro vezes entre os homens, passando de 2,8% para 12,4% e mais de duas vezes entre as mulheres, de 8% para 16,9%. Segundo diferentes estudos, diversos fatores têm sido associados à insatisfação com a IC. No entanto, explica Liliane, parece haver consenso que o índice de massa corporal (IMC) e outras medidas antropométricas, como circunferência da cintura e percentual de gordura corporal, avaliado por meio de dobras cutâneas, estão associados diretamente com a insatisfação com a IC.
 
A dissertação de Liliane da Silva Albuquerque, intitulada Fatores associados com a insatisfação da imagem corporal: resultados da linha de base do ELSA-Brasil,  foi apresentada no dia 17/10 na ENSP. Ela é graduada em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2008) e tem especialização em Educação Física Escolar pela mesma instituição (2009). Trabalhou em grandes estudos epidemiológicos na área de saúde como o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, colaborou com a Pesquisa Nacional de Saúde 2013, III e IV Censo Pró-Saúde do Instituto de Medicina Social/Uerj. Atua como professora de Educação Física da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e também na Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
 

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