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Hélio Fraga debate micobactérias não tuberculosas

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Publicado em:18/08/2014
* Irlan Peçanha

Hélio Fraga debate micobactérias não tuberculosasSegundo a pesquisadora do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Telma Goldenberg, as espécies mais prevalentes de micobactérias no Rio de Janeiro são as Mycobacterium Kansasii, que apresentam um crescimento progressivo a cada ano. Atualmente, cerca de 160 espécies integram este grupo, entre as quais estão as causadoras da hanseníase e da tuberculose (TB). O assunto foi tema de um debate, no dia 7/8, no auditório da instituição, no qual discutiu-se o papel das micobactérias não tuberculosas (MNTs) como agente causador de doenças no pulmão, pele, osso e gânglios. "Estamos falando de patógenos oportunistas, isto é, que se favorecem de condições imunodepressoras ou alterações estruturais pulmonares (DPOC, bronquiectasias e sequela de tuberculose)". 
 
Na década de 1980, houve um aumento do número de casos no mundo, e com a pandemia da Aids, surgiram as doenças disseminadas e ganglionares. As MNTs estão presentes em fontes ambientais; sendo encontradas na água natural ou tratada, no solo, esgoto, nas superfícies animais e nos biofilmes.
 
Segundo alguns estudos, existem sinais de mudança na epidemiologia das MNTs nas últimas décadas: em países com baixa carga de tuberculose, como Estados Unidos, Austrália e Reino Unido; e em países com alta carga de TB, como é o caso do Brasil, Índia, Coreia e Taiwan. Alguns fatores contribuíram para esse cenário, tais como: a epidemia da Aids, os métodos moleculares de identificação, o aumento do uso de imunodepressores em doenças crônicas, o aumento na expectativa de vida da população, a complexidade dos métodos e procedimentos em saúde, as bronquiectasias, os desequilíbrios ecológicos e o aumento da suspeita no diagnóstico.
 
O diagnóstico de doença por MNT, segundo Telma, exige muita cautela, pois o seu isolamento a partir de espécimes clínicos não estéreis pode significar colonização transitória ou contaminação. A American Thoracic Society (ATS) recomenda que o diagnóstico seja feito com base em uma série de critérios bacteriológicos, clínicos e radiológicos. Por essa razão, a correlação clínico-laboratorial é importante para o estabelecimento do diagnóstico de doença por MNT e para determinação da estratégia terapêutica.
 
Para a pesquisadora Telma Goldenberg, não há evidências de transmissão entre seres humanos ou a partir dos animais. "A doença em seres humanos é adquirida de fontes ambientais e muitas vezes não identificada, podendo, portanto, haver adoecimento por inalação de aerossóis do meio ambiente, ingestão e por inoculação direta associada à realização de procedimentos invasivos e ligados aos cuidados com a saúde", afirmou.
 
Alguns aspectos clínicos que foram analisados nas MNTs são de difícil diagnóstico, segundo a palestrante. "Elas podem ser adquiridas nos spas, banhos quentes coletivos, procedimentos cirúrgicos e estéticos. Pacientes com doenças imunossupressoras virais e estrutural pulmonar também estão sujeitos a elas".
 
Faz parte do tratamento da doença a realização de 12 meses de culturas negativadas, se não houver negativação nos primeiros 6 meses, deve-­se pensar em um procedimento cirúrgico. Quanto ao retratamento, o prognóstico não é favorável, consiste em altas doses de medicamentos. "No caso de M abscessus, o prognóstico é sombrio, pois são resistentes a todos os fármacos anti­TB. Com as opções terapêuticas atuais, muitas infecções por essa MNT serão incuráveis", revelou.
 
Com o surgimento do sistema de notificação e vigilância (SITETB), existe no Brasil mais de 350 casos e 107 encontram-­se em tratamento, no Rio de Janeiro. São desconhecidas as espécies mais frequentes e o número de casos parece estar aumentando.
 
*Irlan Peçanha é jornalista do Centro de Referência Professor Hélio Fraga/ENSP

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