Palestra aborda epidemiologia da TB no mundo

Inicialmente, Dalcolmo apontou os países com alta carga de tuberculose XDR-TB e resistência à doença, de acordo com dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (2013), e revelou que 1/3 da população mundial está infectada com o bacilo da tuberculose. Para exemplificar esse cenário, a palestrante citou a África e países da Ásia como Índia, China, Bangladesh e Paquistão - todos com alta carga da doença e onde se sabe que ocorrem mortes sem um diagnóstico preciso. “Quando se fala na resistência, a situação é mais grave, uma vez que apenas uma em cada cinco pessoas com tuberculose multirresistente (TB-MR) está sendo hoje, no mundo, notificada e tratada adequadamente”, alertou.
De acordo com a médica pneumologista, os países chamados do grupo dos BRICS, do qual o Brasil faz parte, concentram 60% da incidência de tuberculose no mundo. A China, por exemplo, tem um milhão de casos por ano; a Índia mais de 2 milhões e duzentos mil, com uma alta taxa de resistência aos principais fármacos; e os países da antiga União Soviética, por sua vez, concentram as mais altas taxas de resistência primária, decorrente de maus tratamentos prévios.
“Hoje, a nossa preocupação no Brasil é estruturar centros de referência qualificados para assistência de casos complexos de tuberculose (casos de difícil manejo). No Rio de Janeiro há o serviço do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga e do IPEC, na Fiocruz, além do Hospital Federal dos Servidores (HSE) preparados para atender essa situação. Os casos de difícil manejo, não são somente os multirresistentes, são pacientes co-infectados por HIV, ou seja, aqueles que apresentam interação farmacológica grave, portadores de hepatite crônica, hepatite C e B, portadores de doenças auto-imunes e outras micobacterioses”.
Em relação ao diagnóstico, após mais de cem anos com a baciloscopia e a cultura, hoje se pode pensar em uma mudança de paradigma, com a implementação do método molecular rápido de diagnóstico para tuberculose, denominado Gene Xpert, afirmou Margareth. Esse método possibilita identificar o patógeno e o sinal genético de resistencia à rifampicina, usado no tratamento. “É um método revolucionário porque dispensa a complexidade de ambientes de biossegurança de laboratórios de bacteriologia, permitindo um diagnóstico em cerca de 3 horas”.
Quanto aos avanços na terapêutica da tuberculose, Dalcolmo deu ênfase às linhas atuais de pesquisa, que buscam a melhor associação medicamentosa, com esquemas mais curtos, de administração mais simples e menos tóxicos. O panorama atual revela 6 novos fármacos, 3 novas classes medicamentosas diferentes e 4 fármacos repropostos (uma molécula para a qual se encontra uma nova via farmacológica), em estudos clínicos de fases 2 e 3.
Seções Relacionadas:
Sessões Científicas
Sessões Científicas
Nenhum comentário para: Palestra aborda epidemiologia da TB no mundo
Comente essa matéria: