Busca do site
menu

'Paracoco: uma endemia brasileira' é lançado na Fiocruz

ícone facebook
Publicado em:07/10/2013
Cristiane d'Avila

Foi lançado, na quinta-feira (3/10), o filme Paracoco: uma endemia brasileira, resultado da parceria entre o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), o Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (Ipec) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) e produzido pela VideoSaúde - Distribuidora da Fiocruz.  A iniciativa é fruto de um projeto contemplado por edital de apoio promovido pela Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. Doença endêmica e negligenciada na América Latina (o Brasil detém 80% dos casos), a paracoccidioidomicose, também conhecida como paracoco, é mais frequente nas populações rurais e pode causar a morte se não for detectada precocemente. Em muitos casos, é confundida com a tuberculose, pois pode apresentar um quadro de tosse persistente como único sintoma aparente.


'Paracoco: uma endemia brasileira' é lançado na Fiocruz

Participaram da mesa de debate os pesquisadores Antônio Francesconi Valle e Márcia Lazera (substituindo Bodo Wanke), do Ipec, e Ziadir Coutinho, da ENSP, coordenadores científicos do filme, Eduardo Thielen (roteirista) e Sergio Brito (coordenador de produção), da VideoSaúde, e Ive Tavares, coordenadora de Saúde do Movimento dos Sem Terra (MST) do Rio de Janeiro. A mesa foi mediada por José Leonídio Santos, coordenador da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz.

“A paracoco é uma doença discriminada pelo próprio Ministério e as secretarias de saúde, que registram casos de paracoccidioidomicose como sendo blastomicose sul-americana, que não existe no Brasil, é uma doença típica dos povos norte-americanos e canadenses. Encontramos, em 70% dos estados, esse tipo de diagnóstico”, explicou Ziadir Coutinho, da ENSP. Segundo o pesquisador, é preciso construir sorologias que representem o nosso país, e o MS tem condições de mapear as ocorrências da doença para saber onde ela mata mais, onde interna mais, e fornecer equipamentos, kits para diagnóstico e pessoal de laboratório especializado nas especialidades estratégicas para atenção ao paracoco.

Antônio Francesconi, pesquisador do Ipec que também colaborou com o conteúdo científico do filme, ressaltou a importância da iniciativa para a disseminação de informações sobre a doença. “Essa doença negligenciada, que tanto compromete o povo brasileiro, precisa ser mais estudada. Tenho satisfação de ainda poder ensinar sobre ela o que aprendi com meus mestres no Ipec e adoraria sair do hospital para ir a campo, atender a população rural tão castigada pela paracoccidioidomicose”.

“A paracoco na sua forma comum, vive à sombra da tuberculose, em função das ocorrências pulmonares, e acomete uma população muito humilde, que está a reboque do sistema de saúde”, afirmou Márcia Lazera, do Ipec. Na opinião da pesquisadora, a doença é facilmente tratável quando detectada precocemente. “A grande sacada do filme é que aponta para o que ocorre comumente, ou seja, pacientes com queixa respiratória e diagnóstico negativo para tuberculose, mas que não são logo diagnosticados com paracoccidioidomicose”, pontuou.

Ive Tavares, coordenadora de Saúde do MST do Rio, ressaltou a importância do papel da Fiocruz como disseminadora do conhecimento em saúde para a população, por meio do audiovisual. “A doença acomete o trabalhador rural, que tem muito pouco acesso à assistência em saúde. A realidade do campo é muito diferente da realidade nos centros urbanos.”

Transformar pesquisas científicas em produção audiovisual que promova o acesso ao conhecimento sobre as doenças negligenciadas, como o paracoco, vem sendo uma tarefa realizada com afinco pela VideoSaúde. Em 2012, por exemplo, a distribuidora finalizou a produção de 12 filmes sobre doenças como esquistossomose e leishmaniose visceral, entre outras, fruto do projeto Comunicação em Saúde, realizado a partir de convênio de cooperação com a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).

Para Eduardo Thielen, roteirista de vários desses títulos e também de Paracoco: uma endemia brasileira, o filme representa um desafio comum a todas as produções sobre doenças negligenciadas: a tarefa de transmitir de forma clara o ponto de vista do paciente. “Vendo o produto final, fico feliz em observar que nos comunicamos com a população, não apenas com o profissional que lida com essas endemias, muitas delas pouco conhecidas de muitos deles”, avaliou.

'Paracoco: uma endemia brasileira' é lançado na Fiocruz

Sergio Brito, coordenador da produção do filme, ressaltou a missão da VideoSaúde: compreender a prática da comunicação audiovisual como um direito à informação, ao conhecimento, não como ferramenta. “Ouvir a voz do outro é a nossa meta. Para isso, a equipe percorreu 11 mil quilômetros na realização dessa produção. Agradeço a quem se dispôs a percorrer esse itinerário e também à Cooperação Social da Fiocruz, que compreendeu o projeto e viu sua importância para a sociedade”.

Leia aqui a reportagem sobre o lançamento do documentário na Agência Fiocruz de Notícias.

*Cristiane d'Avila é jornalista do Icict/Fiocruz

Fotos: Naldo Fernandes (Ascom/Icict/Fiocruz)

Fonte: Icict/Fiocruz
Seções Relacionadas:
Notícias da Fiocruz Projetos Sociais

'Paracoco: uma endemia brasileira' é lançado na Fiocruz

1 comentários
ZIADIR FRANCISCO COUTINHO
07/10/2013 21:03
Esclarecendo melhor: A paracoccidioidomicose (paracoco) é uma micose sistêmica, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, exclusiva da America Latina, o Brasil detém a maioria dos casos. ?Blastomicose sul-americana? é uma denominação antiga da paracoco, abandonada há mais de 40 anos pela OMS por ser imprópria, inadequada. Essa denominação não existe no CID-10. Blastomicose, sem adjetivo, é uma outra micose sistêmica, causada pelo Blastomyces dermatitidis, comum nos EUA, Canadá, etc. A blastomicose não existe entre nós. O Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde acatam registros de óbitos e de internações hospitalares de paracoccidioidomicose, em até 70% dos casos em alguns Estados, informadas equivocadamente como ?blastomicose sul americana? ou meramente como ?blastomicose?, no CID-10 de blastomicose. Não esclarece junto ao informante se trata de um caso importado, o que é muito pouco provável ou, se por acaso, não é a paracoccidioidomicose, endemia genuinamente brasileira e que tem seus registros partidos ao meio, subsumida em registros errados, negligenciada. Para estudá-la, para dar ciência a quem interessar possa, sobre o seu universo ?epidemiológica visível? nos bancos de dados oficiais, temos que corajosamente afirmar que todos os casos registrados como blastomicose entre nós, não são blastomicose e sim paracoccidioidomicose, agravo endêmico que atormenta, aleija, mata, causa muita dor, aposentadorias precoces, longos deslocamentos, para principalmente, nossos trabalhadores rurais. Ziadir Coutinho