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Socióloga fala sobre desigualdade na Suécia

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Publicado em:22/08/2013
Socióloga fala sobre desigualdade na SuéciaAté alguns anos atrás, a Suécia era um exemplo de país com menos desigualdades. Essa foi a constatação do público presente ao Centro de Estudos da ENSP, ocorrido em 21/8, com palestra da socióloga Susanna Toivanen, da Universidade de Estocolmo. Com o broche do Castelo da Fiocruz na lapela, ela anunciou que quer voltar à instituição. A palestra, coordenada pela pesquisadora Dora Chor, trouxe o tema Determinantes sociais de saúde: como as desigualdades se expressam no trabalho?. “Há um aumento de desigualdade de renda entre homens e mulheres, nos últimos anos, na Suécia. Por isso, gênero é sempre um foco nas pesquisas. Temos um mercado de trabalho segregado por gênero”, informou.
 
Para Susanna, as desigualdades em saúde são evitáveis e inaceitáveis numa sociedade civilizada. “As condições em que vivem e trabalham as pessoas são influenciadas por forças políticas e econômicas”, disse. "Qual a contribuição das condições adversas de trabalho?", indagou a socióloga. "Elas aumentam os níveis de risco de saúde na maioria das análises quando introduzida a questão das condições de trabalho", respondeu em seguida.
 
Suas pesquisas envolvem questões como a vida do trabalhador autônomo, as condições de trabalho dos estrangeiros, a saúde na Suécia e o trabalhador do futuro, permeadas pelo fator determinantes sociais. “Trabalho e relações de emprego são importantes fatores para avaliar a saúde e a qualidade de vida das populações”, disse.
 
De acordo com dados trazidos pela socióloga a partir de publicações sobre o tema, existem evidências, depois de quase 30 anos de pesquisa no seu país, de que o status social é uma causa de problemas de saúde. “Essa é uma síndrome que determina o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral, câncer, doenças infecciosas e até mesmo suicídio e homicídio”, apontou. Ela ainda disse que não é apenas por causa da renda ou estilo de vida. “É a experiência psicológica da desigualdade, de quanto controle você tem sobre sua vida e as oportunidades que você tem para plena participação social. Isso tem um efeito profundo em sua saúde”, acrescentou.
 
Segundo ela, os países com diferenças estreitas de renda entre ricos e pobres têm uma melhor saúde e bem-estar, com índices menores de obesidade, abuso de drogas, gravidez na adolescência, estresse e problemas de saúde mental. Esses países, continuou, também têm serviços de bem-estar melhores e, por isso, é maior o acesso à educação, habitação, transporte, prestação de cuidados de saúde e espaços verdes, com uma distribuição mais justa para toda a população.  

Socióloga fala sobre desigualdade na Suécia

 
Susanna também disse que o acesso à educação caracteriza maior ou menor prevalência de questões como acesso ao seguro-saúde, licença trabalhista, exposição a risco físico e psicossocial. “Verifica-se que o trabalhador não empregado ou inativo tem saúde pior em relação ao autônomo ou ao empregado. Quanto aos empregados, oportunidades e discriminação no ambiente de trabalho são fatores importantes na estratificação social”, exemplificou.
 
A palestrante falou que, num estudo realizado na Finlândia, que tem características semelhantes às da Suécia, foi analisada a relação da obesidade com o desemprego. O resultado acusa que o número de mulheres obesas duplicou na última década. “Elas ficam mais desempregadas, além de ocuparem funções menos qualificadas”, disse.
 
Dados de 1986 a 2007 indicam que a expectativa de vida na Suécia aumenta para todos os grupos educacionais, sendo maior para homens. No caso das mulheres com baixo nível educacional, só aumentou 0,7%.
 
Em relação à discriminação étnica, informou Susanna, o grupo de estrangeiros é muito vulnerável no mercado de trabalho sueco, mesmo que tenha bom nível educacional, por exemplo, há muitos médicos exercendo a profissão de taxista. “Eles aceitam trabalhar no mercado informal, segmento difícil para pesquisadores atuarem”, explicou.

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