Busca do site
menu

Tuberculose: chefe do Hélio Fraga fala sobre o cenário da doença

ícone facebook
Publicado em:25/03/2013

O chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga da ENSP (CRPHF/ENSP), Miguel Aiub Hijjar, participou, no sábado (23/3), do programa Globo Cidadania e concedeu entrevista sobre o cenário da tuberculose no país. A reportagem foi um alerta ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24/3) e informou que, no Brasil, apesar de a situação estar sob controle, ainda está longe de satisfatória. A incidência é alta quando comparada com a taxa de países desenvolvidos, colocando o país na lista dos 22 que concentram 82% dos casos de tuberculose no mundo. A doença é considerada um problema de saúde pública, sendo a terceira responsável por morte causada por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com HIV.

 

Leia, a seguir, a entrevista completa ou clique aqui e veja o programa Globo Cidadania.

Dia Internacional de Combate à Tuberculose, uma doença curável

 

Um dia no ano para se pensar sobre tratamento, prevenção e controle

No Brasil, apesar de a situação estar sob controle, ainda está longe de satisfatória. A incidência é alta quando comparada com a taxa de países desenvolvidos, colocando o país na lista dos 22 que concentram 82% dos casos de tuberculose no mundo. A doença é considerada um problema de saúde pública, sendo a terceira responsável por morte causada por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com HIV. Em 2011, foram notificados quase 70 mil novos casos, sendo que 5 estados - Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo - somaram mais da metade dos casos de doença no país. Em entrevista exclusiva para o Globo Cidadania, o professor Miguel Hijjar, coordenador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga da ENSP/Fiocruz, fala um pouco sobre o cenário no país.

Quais são os fatores que colocam uma população em risco e quais são as populações mais ameaçadas?

Onde há pobreza, há tuberculose. A tuberculose é um indicador social. Existe um conjunto de condições socioeconômicas que favorecem a disseminação da doença. A aglomeração, a moradia inadequada, a falta de ventilação, a desnutrição, a baixa imunidade, a preexistência de fatores que diminuam a força do sistema imunológico, como vícios (alcoolismo, tabagismo, consumo de drogas) e doenças imunossupressoras como a Aids. Algumas dessas são condições comuns entre moradores de favelas, população privada de liberdade, aqueles que vivem em situação de rua e, também, os índios.

Mas qual o impacto real nessas populações?

Para se ter ideia, a incidência na população indígena é quatro vezes maior que na população geral. Existe um problema muito sério de alcoolismo em algumas aldeias, e isso baixa a imunidade consideravelmente. Agora, se a predisposição entre índios parece alta, espere: entre aqueles que estão privados de liberdade é 27 vezes maior devido às condições horríveis das cadeias e presídios no país. Entre as pessoas com o vírus HIV e imunidade baixa, a incidência é 30 vezes maior. Agora, a pior delas está entre as pessoas que vivem em situação de rua: 67 vezes maior.

O que explica essa diferença nas pessoas em situação de rua? 67 vezes parece tanto.

Na rua, as condições de vida são precárias, levando às causas que determinam o aparecimento da doença: baixa imunidade e vícios. Quando faz frio ou chove, essas pessoas sem casa vão dormir nos albergues públicos. Esses lugares são péssimos, sem ventilação, sem iluminação adequada, sem muita estrutura ou qualquer conforto. É só um teto com camas. E lá essas pessoas vão buscar abrigo. Já têm imunidade muito baixa por causa de outros fatores, como a péssima alimentação, vícios e doenças preexistentes. Se uma pessoa está com a tuberculose ativa entre as outras, essa pessoa pode espalhar a doença rapidamente.

 

Como se transmite a tuberculose?

Se transmite a partir de uma pessoa que tenha o bacilo que provoca a tuberculose no pulmão. Quando ela fala ou espirra, o bacilo pode ser exalado pela boca. Qualquer pessoa perto pode inspirar o bacilo e ser infectada, porque ele passa pelo ar.  Mas ser infectada não quer dizer que vai ficar doente, somente se o sistema imunológico de defesa dela estiver baixo, senão a pessoa pode ficar com o bacilo inativo. De todo mundo que se infecta, menos de 5% adoecem durante a vida.

 

Existe alguma vacina que se possa tomar?

A BCG, que todo recém-nascido recebe ao nascer. Só que essa vacina protege somente até o início da adolescência, e a segunda dose não provou tanto resultado. O bom é que as crianças - e todas as crianças recebem por lei - ficam protegidas das formas mais graves de tuberculose, como a meningite tuberculosa no cérebro. Atualmente, os cientistas estão em busca de uma vacina que proteja também adultos e dê um jeito de encurtar o tratamento, que hoje leva 6 meses para curar o paciente.

 

Se eu tenho um amigo com tuberculose, o que devo fazer?

Levá-lo correndo para receber tratamento. Quando você começa a tratar, rapidamente o paciente para de infectar outras pessoas. Oriente esse amigo ou familiar a tossir em um lenço, porque o bacilo vai pelo ar. Vamos dizer que você tenha um amigo que more em uma casa pouco ventilada e esteja com tuberculose, sem saber, há um mês. Ele provavelmente já infectou as pessoas da casa. E uma vez diagnosticada a doença, vai ficar apavorado? Não, agora você tem que ficar relaxado, tem cura e você já sabe o que tem. O remédio é de graça e fornecido pelo Centro de Saúde da rede SUS.


Fonte: Globo Cidadania
Seções Relacionadas:
ENSP na Imprensa

Nenhum comentário para: Tuberculose: chefe do Hélio Fraga fala sobre o cenário da doença