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Fiocruz participa de ações para a saúde de mulheres haitianas

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Publicado em:08/03/2013
*Danielle Monteiro
 
Fiocruz participa de ações para a saúde de mulheres haitianasNo dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Além de simbolizar as lutas das mulheres por seus direitos ao longo dos anos, a data também adverte para uma série de problemas de gênero que incidem em diversos países, principalmente nos latino-americanos como o Haiti. O país, que em 2010 sofreu forte abalo em seu sistema de saúde provocado por um terremoto, possui um dos índices mais elevados de mortalidade materna no mundo.
 
Motivada pela atual realidade vivenciada pelo Haiti, a Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti vem desenvolvendo ações no setor de saúde voltadas ao público feminino naquele país.  Uma delas é a formação em epidemiologia de serviços direcionada a profissionais de saúde dos dez departamentos sanitários haitianos, que vem sendo promovida desde julho do ano passado e tem abordado uma série de temáticas voltadas a questões de gênero.
 
Ministrado por profissionais da Fiocruz, por meio da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com a Direção de Epidemiologia e Laboratórios de Pesquisa (DELR) do Ministério da Saúde e da População do Haiti (MSPP), o quarto módulo do curso será realizado entre 22 de abril e 5 de maio. A ideia é fortalecer o sistema de saúde haitiano, formando profissionais para atuar nos Espaços de Educação e Informação em Saúde (EEIS), que serão construídos para análise sistemática da situação de saúde da população, planejamento e execução de pesquisas operacionais e elaboração de políticas públicas locais. Serão construídos ao todo 11 EEIS, que vão servir para a vigilância epidemiológica, com uma base consistente de informações em saúde, além de contar com sala de aula e laboratório de informática para análise periódica dos dados coletados e processados.

“Mais da metade da população haitiana é constituída de mulheres e muitas delas sofrem com iniquidades de gênero como divisão sexual do trabalho, violência sexual, entre outros fatores impactantes em sua saúde. Ao tratar a questão de gênero como política transversal atrelada a aspectos da vigilância da saúde, por meio da discussão entre os profissionais de saúde, ajudaremos a propor soluções para esses problemas femininos no país”, afirma Stela Meneghel, professora da UFRGS. Ela conta que a iniciativa é fruto de uma demanda dos próprios haitianos. “Durante as atividades promovidas nos últimos módulos, ouvimos relatos sobre a elevada mortalidade materna, a dificuldade de acesso aos serviços e outros problemas enfrentados pelas mulheres no Haiti”, comenta.

O quarto módulo do curso, que vai contar com a participação de 40 profissionais do MSPP, será dividido em três etapas. A primeira terá como tema principal Indicadores Demográficos e vai incentivar uma reflexão sobre vulnerabilidades ligadas a gênero - entre elas, a migração e o trabalho femininos – a partir de temáticas como estrutura populacional do Haiti, distribuição etária e por sexo e expectativa de vida de homens e mulheres. Na segunda etapa, será realizado um seminário sobre mortalidade materna no Haiti, já que, durante o período, está prevista a divulgação completa dos dados demográficos e de saúde do país (DHS) referente ao ano de 2012, levantado pela agência americana de desenvolvimento internacional (USAID). Além dos alunos, o seminário vai contar com a participação de representantes do MSPP, da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil, de organizações internacionais e movimentos feministas haitianos.
 
Fiocruz participa de ações para a saúde de mulheres haitianas

Já a terceira fase vai abordar assuntos referentes à Epidemiologia e Gênero e discutirá conceitos de gênero, divisão de papéis, equidade de gênero e o uso de gênero nos estudos epidemiológicos. Também serão realizados painéis e atividades cinematográficas voltadas à cultura brasileira, além de oficinas cuja metodologia pode ser usada no dia a dia dos serviços de saúde do país. “Nossa metodologia é construída a partir dos relatos das experiências vivenciadas por esses profissionais e tem como base um método participativo, que incentiva o conhecimento horizontal e compartilhado”, explica Meneghel. Segundo ela, a iniciativa deve render bons frutos.

Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti

Criada em 2010 para fortalecer o sistema de saúde e de vigilância epidemiológica haitianos, a Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti é formada pelo Ministério da Saúde brasileiro sob a coordenação da Assessoria de Relações Internacionais (Aisa/MS), com a participação da Fiocruz – por meio do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), Canal Saúde, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) e Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) – e as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Santa Catarina (UFSC).

A cooperação desenvolve ações nos campos de assistência, vigilância sanitária, imunização e formação de recursos humanos. Entre as iniciativas previstas, está a construção de três hospitais comunitários de referência, um centro de reabilitação de deficientes físicos, quatro centros de ensino técnico e profissionalizante, além das reformas de dois laboratórios especializados em vigilância epidemiológica e de unidades de saúde do MSPP. Como ações já implantadas, destacam-se o intercâmbio de profissionais haitianos no Brasil além de campanhas nacionais de vacinação contra sarampo, rubéola e pólio. Para mais informações, clique aqui para acessar o site.
 
 *Danielle Monteiro é repórter da Agência Fiocruz de Notícias

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
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