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Artigo defende proteção das aves de áreas úmidas

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Publicado em:10/01/2013
Artigo defende proteção das aves de áreas úmidasUm grupo de pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) formado pelos pesquisadores Salvatore Siciliano, Davi Castro Tavares e Jailson de Moura, que analisa a importância das lagoas costeiras do Norte Fluminense para as aves aquáticas, publicou artigo na revista Ciência Hoje. O texto, incluído na edição de dezembro, analisa a interação das aves com o ambiente e reforça a necessidade de proteção desses ecossistemas. Intitulado As aves das áreas úmidas, o artigo revela que, além de abrigar grande variedade de plantas e outros animais, as áreas úmidas são essenciais para as aves. Na região, são ao menos 70 espécies de aves que dependem dessas áreas para sobreviver. Desse total, 22 são migratórias de longa distância.

O norte do estado do Rio de Janeiro reúne zonas costeiras adequadas para a vida de uma grande variedade de aves. Nesse local, encontram abrigo, alimento e lagoas e brejos ideais para reprodução. Os estudos desenvolvidos pela ENSP enfocam, em especial, lagoas situadas em áreas de implantação de grandes empreendimentos, como o Porto do Açu (projeto portuário e industrial, em São João da Barra) e o Complexo de Barra do Furado (destinado à instalação de empresas ligadas a atividades no mar, em Quissamã).

De acordo com o artigo, apesar da grande extensão da costa brasileira e da redução acentuada dos ecossistemas úmidos, o conhecimento da avifauna aquática do país ainda é limitado. “No Rio de Janeiro, a carência de dados é maior no Norte Fluminense, onde os estudos ornitológicos são escassos e pouco se sabe sobre a ecologia das diferentes espécies de aves, em especial as aquáticas. A elaboração de planos de manejo e de medidas de conservação das áreas úmidas da região depende da obtenção desses conhecimentos”, diz o artigo.

Brejos e lagoas costeiras sofreram drástica redução de tamanho ou desapareceram

As aves são representadas na região por ao menos 70 espécies que dependem das áreas úmidas para sobreviver. Das 22 espécies migratórias de longa distância que buscam seu alimento no lodo de lagoas e pântanos, destacam-se, no Norte Fluminense, por sua abundância, maçarico-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis), maçarico-branco (Calidris alba), maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus), batuiruçu-de-axila-preta (Pluvialis squatarola) e maçarico-de-perna-amarela (Tringa lavipes). No caso das aves nativas, amostragens realizadas na região têm registrado bandos de cerca de mil gaivotas-de-cabeça-cinza (Chroicocephalus cirrocephalus), espécie provavelmente ameaçada de extinção no estado, em brejos e lagoas costeiras do município de Quissamã.

O artigo também revela que, em muitas áreas, os brejos e lagoas costeiras sofreram drástica redução de tamanho ou desapareceram. Exemplo evidente é o da Lagoa Feia, a segunda maior de água doce do Brasil, que teve sua área diminuída quase à metade ao longo dos últimos cem anos. “O equilíbrio natural das áreas úmidas da parte norte do estado, mantido pelas chuvas sazonais e pelo fluxo de água dos rios, tem sido colocado em risco por ações humanas, como a abertura de canais de drenagem, o uso do fogo, os aterramentos, a emissão de esgotos, a pesca excessiva, a caça e captura ilegal de animais,  bem como pela implantação de indústrias. As maiores ameaças são os canais de drenagem, que reduzem os níveis naturais de água: em épocas de escassez de chuvas, a drenagem pode deixar lagoas e brejos totalmente secos, facilitando sua extinção.”

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