Busca do site
menu

Palestras expõem desafios da dermatologia

ícone facebook
Publicado em:27/09/2012

Palestras expõem desafios da dermatologiaAs pesquisadoras do Serviço de Dermatologia Ocupacional da ENSP Maria das Graças Mota Melo e Ana Luiza Castro Fernandes debateram os desafios atuais e futuros que o subdiagnóstico e o emprego da nanotecnologia podem trazer à saúde do trabalhador nas palestras que apresentaram durante o 67° Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), realizado no início de setembro, no Rio de Janeiro. As palestras foram proferidas no simpósio Dermatoses Ocupacionais, no evento que celebrou os 100 anos da SBD.

 
O Serviço de Dermatologia Ocupacional do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da ENSP possui linhas de atuação no ensino, na pesquisa e na assistência. Dessa forma, as abordagens das pesquisadoras no congresso justificaram sua inserção no serviço e na pós-graduação da Escola. “Apresentei algumas informações obtidas na minha dissertação de mestrado, orientada pelo pesquisador William Waissmann e defendida aqui na ENSP. O trabalho foi bem recebido no congresso e ficou claro que, tanto no Brasil como no exterior, a nanotecnologia é um tema atual e é grande a procura de informações sobre o assunto”, disse Ana.
 
Com o título Nanotecnologia: novos desafios à dermatologia e à saúde do trabalhador, a palestra abordou aplicações de nanomateriais na indústria e os potenciais riscos a saúde, especialmente aqueles oriundos da exposição cutânea. Alguns trabalhos mostram que nanomateriais representam um risco, em especial, para a população de trabalhadores que lidam diretamente com esse tipo de substância”, informou.
 
O crescimento e o investimento dos estudos e da manipulação dos nanomateriais, além da abrangência do seu uso – que pode estar associado às áreas da saúde, eletrônica, ciências da computação, física, química, biologia e engenharia –, exigem, cada vez mais, o desenvolvimento de pesquisas que analisem seus impactos. “Nas próximas décadas, teremos uma verdadeira revolução com a nanotecnologia. Para isso, além das discussões sobre a inovação tecnológica e os benefícios trazidos, precisamos analisar os riscos à saúde do trabalhador causados pela inalação dessas partículas, pois podem facilmente penetrar no sistema respiratório e na pele, em função do seu tamanho, que é a bilionésima parte do metro.”
 
Palestras expõem desafios da dermatologia
 
“Outras preocupações são os equipamentos de proteção coletiva e individual adequados. A penetração de alguns nanomateriais na pele, especialmente nanotubos de carbono, um dos mais utilizados na indústria hoje, pode potencialmente desencadear dermatites de contato em virtude da sua ação irritativa na pele. Nos últimos anos, tivemos um aumento de mais de 300% dos bens de consumo com algum tipo de nanotecnologia. Abordar esse risco em relação aos trabalhadores é importante”, finalizou.
 
Dermatose ocupacional: subdiagnóstico dos casos
 
A coordenadora do Serviço de Dermatologia, Maria das Graças Mota Melo, falou sobre a experiência da Fiocruz na palestra Casos clínicos difíceis, soluções possíveis. Sua apresentação destacou o trabalho desenvolvido, no Cesteh/ENSP, de investigação e esclarecimento dos casos suspeitos da dermatose adquirida no trabalho. O serviço recebe trabalhadores encaminhados pela rede do Sistema Único de Saúde, sindicatos ou INSS, e inicia o processo de investigação, na maior parte das vezes, por meio do teste de contato, que detecta a causa da alergia. “O produto emitido pelo serviço é um laudo técnico que informa se o trabalhador possui dermatose ocupacional, se tem condições de continuar no trabalho, quais as medidas de proteção e prevenção que devem ser adotadas, ou até mesmo a sugestão de mudança de atividade”, explicou a pesquisadora, que, em conjunto com o professor e pesquisador Mario Cezar Pires, de São Paulo, coordenou o simpósio.
 
Para Maria das Graças, há um subdiagnóstico dos casos pela falta de informação dos profissionais de saúde da rede pública e privada. “Há um déficit na própria formação dos médicos, com falta de informação na graduação e especialização sobre as dermatoses relacionadas ao trabalho. Além disso, há um desconhecimento das legislações sobre essas dermatoses, falta integração dos diferentes níveis de assistência. Quem sofre é o trabalhador, por não ter seus direitos trabalhistas reconhecidos”, concluiu a dermatologista da ENSP.

Seções Relacionadas:
Assistência Pesquisa

Nenhum comentário para: Palestras expõem desafios da dermatologia