ENSP marca presença nas atividades deste domingo (30/11) no 14º Abrascão
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) segue marcando presença no 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão Brasília 2025). Neste domingo (30/11), a instituição participou de diversas mesas que abordaram temas estratégicos para o fortalecimento do SUS, entre eles as respostas às necessidades de saúde da população em situação de rua, inovação em ouvidorias, estratégias de enfrentamento à pandemia de covid-19, os desafios do futuro do trabalho em saúde, formação em violência e saúde e as convergências na saúde coletiva para consolidar um campo interdisciplinar.
Respostas do SUS à população em situação de rua
A pesquisadora Elyne Engstrom, do Departamento de Ciências Sociais da ENSP, integrou a mesa “As respostas do SUS às necessidades de saúde da população em situação de rua”. Em sua apresentação, destacou que o crescimento dessa população é um fenômeno mundial e nacional, caracterizado por alta heterogeneidade e grande complexidade.
Segundo Engstrom, trata-se de um grupo historicamente excluído de direitos básicos e que enfrenta invisibilidade, vulnerabilidade e estigma. Ela ressaltou a necessidade de políticas públicas que promovam cuidado integral, equidade e garantia de direitos. Para isso, afirmou que a Atenção Primária à Saúde tem papel estratégico na defesa da vida e no fortalecimento das ações de cuidado.
Formação em violência e saúde: desafios para o SUS
A pesquisadora Edinilsa Ramos, do Claves/ENSP, participou da mesa “Formação em Violência e Saúde? Desafios para o SUS”. Ela lembrou que acidentes e violências são temas complexos, que exigem qualificação contínua dos profissionais de saúde para lidar com os agravos físicos e mentais decorrentes desses eventos.
Edinilsa apresentou dados de pesquisa avaliativa sobre a implementação da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência (PNRMAV), cujos parâmetros foram as sete diretrizes da política, estudadas no período de 2020 a 2023. A mesa discutiu especificamente como está sendo implementada a diretriz “Capacitação de recursos humanos” nos três níveis de atenção à saúde — primária, pré-hospitalar, hospitalar — e na reabilitação.
Ouvidorias como inovação para a democracia
A mesa “Ouvidorias como inovação: caminho para a democracia, participação e justiça social” foi coordenada pela pesquisadora da ENSP, Rosa Souza. O debate destacou o papel estratégico das ouvidorias como instrumentos de fortalecimento da participação social e de aproximação entre gestão, trabalhadores e usuários do SUS, apontando caminhos inovadores para a consolidação de práticas democráticas no campo da saúde.
Convergências na Saúde Coletiva
O pesquisador da ENSP Carlos Machado, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Cepedes) mediou a mesa “Convergências na Saúde Coletiva: fortalecendo um campo interdisciplinar”. A mesa discutiu os desafios da interseccionalidade na saúde coletiva.
A mesa reuniu representantes das três grandes áreas que estruturam a saúde coletiva — epidemiologia, política, planejamento e gestão; e ciências humanas e sociais em saúde —, que apresentaram seus avanços e planos de desenvolvimento: o quarto plano da epidemiologia, o primeiro de política e planejamento, e o segundo das ciências humanas e sociais.
Segundo Machado, embora cada área tenha construído trajetórias distintas desde a formação do campo, o crescimento expressivo da saúde coletiva no Brasil — que passou de poucos programas de pós-graduação para mais de uma centena — torna urgente a atualização frente aos desafios contemporâneos. Entre eles, ele apontou ameaças à democracia, o aumento das desigualdades e injustiças sociais, e a intensificação dos eventos climáticos extremos e das mudanças climáticas. Também ressaltou os impactos do avanço de um capitalismo que aprofunda a concentração de renda e cria oligopólios em setores estratégicos, como saúde, tecnologias digitais e mineração.
Apesar desse cenário, Machado enfatizou que as três áreas apresentaram princípios éticos e políticos comuns, eixos convergentes e uma forte disposição para trabalhar de forma articulada. “O desafio agora é fazer dessa convergência uma resposta coletiva para os grandes problemas do nosso tempo”, afirmou.
Estratégias de enfrentamento da pandemia de Covid-19: defesa da ciência e combate à desinformação
Os resultados da pesquisa sobre os sistemas de saúde dos BRICS e suas respostas à Covid-19 foram apresentados pela pesquisadora da ENSP, Adelyne Mendes, durante a mesa “Estratégias de Enfrentamento da Pandemia de Covid-19: Defesa da Ciência e Combate à Desinformação”.
Em sua fala, Adelyne destacou lições e questões essenciais identificadas a partir da análise comparada entre os países do bloco. Segundo ela, no enfrentamento da pandemia, especialmente quando observado sob a perspectiva da defesa da ciência e do combate à desinformação, é fundamental que pesquisadores fortaleçam seus vínculos com gestores, comunidades e sociedade civil. “Só assim podemos ampliar a disseminação de informações corretas, baseadas em evidências científicas e confiáveis”, afirmou.
A pesquisadora ressaltou ainda que, no caso específico dos BRICS, é crucial aprender com os desafios vividos e consolidar sistemas de saúde e de vigilância sustentados por princípios de universalidade e por financiamento público robusto. Também destacou a importância de sistemas de comando e logística eficientes, capazes de garantir insumos e respostas rápidas em situações de emergência sanitária, assegurando soberania sanitária e proteção da saúde da população.
Futuro do trabalho em saúde no Brasil
A pesquisadora da ENSP Márcia Teixeira coordenou a mesa "Os desafios para pensar o futuro do trabalho em saúde no Brasil", que contou com a participação do pesquisador do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, Naomar Almeida Filho; do representando do Ministério da Igualdade Racial, Leandro de Carvalho, e do professor e pesquisador da Unicamp, Dari Krein
ENSP nas comunicações coordenadas
Na parte da tarde, a Escola esteve em diversas comunicações coordenadas. Decolonialidade e interseccionalidade, residências em saúde, sífilis gestacional em indígenas na Amazônia e regulação e acesso a medicamentos foram alguns dos trabalhos apresentados.
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