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Cresce consumo de antibióticos de uso sistêmico no Brasil, conclui pesquisa de doutorado em Saúde Pública

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Publicado em:15/07/2025
Por Teresa Santos e Ilana Polistchuck (Medscape)

Mais de 4,5 trilhões de doses de antibióticos de uso sistêmico foram consumidas no Brasil entre 2014 e 2020 de acordo com um estudo publicado em junho no periódico PLoS One* que analisou dados de farmácias privadas registrados no período no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), uma ferramenta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O estudo revelou ainda que houve disparidades estaduais nos padrões de consumo ao longo dos sete anos analisados. Além disso, a dose diária definida (DDD) por 1.000 habitantes/dia variou de 9,8 a 12,9.

A pesquisa foi desenvolvida durante o doutorado em saúde pública da Tatiana Ferreira, farmacêutica e pesquisadora. Defendido na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), o trabalho contou com orientação da Claudia de Osorio-de-Castro, da ENSP/Fiocruz, e coorientação da Rosângela Caetano, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 

Consumo variou entre os estados

Apesar do aumento geral do consumo desses medicamentos no país, os dados revelaram que houve diferenças entre os estados. Amazonas, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e Rio Grande do Norte tiveram os maiores aumentos percentuais de consumo de antibióticos de uso sistêmico. Já o Mato Grosso do Sul foi o único estado a apresentar redução percentual significativa.

Em entrevista ao Medscape, a Dra. Tatiana explicou que, apesar do aumento demonstrado nesses estados das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, o consumo de forma geral foi menor do que nos estados das regiões Sudeste e Sul. De fato, a análise mostrou que Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentaram os maiores DDD por 1.000 habitantes/dia de toda a série temporal.

Para a autora, alguns fatores podem explicar esse cenário, entre eles o tamanho da população. “Espera-se que estados mais populosos tenham maior consumo”, explica. Outro ponto relevante, segundo a pesquisadora, é que o SNGPC registra apenas a venda dos medicamentos, o que pode limitar a análise do uso real. Além disso, ela destaca que as regiões Sudeste e Sul concentram a maior parte dos serviços de saúde e da renda do país, o que contribui para um maior consumo nesses locais. “As iniquidades persistem no país e se refletem também no acesso aos medicamentos”, afirma, acrescentando que, mesmo quando há acesso, isso não garante boas práticas de uso.

*de Jesus Nascimento Ferreira T, Caetano R, Benk? R, de Araújo Morais JH, Osorio-de-Castro CGS (2025) Community use of systemic antibiotics among individuals aged 15 and over in Brazil: A seven-year population-based cross-sectional study. PLoS One 20(6):e0325231. doi: 10.1371/journal.pone.0325231 

Fonte: Medscape
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