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GT Fiocruz sobre Retorno às Aulas reitera importância da vacinação em crianças

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Publicado em:30/12/2021
Em nota técnica divulgada na terça-feira (28/12), a Fiocruz reafirmou a importância da vacinação contra a Covid-19 em crianças na faixa etária de 5 a 11 anos, conforme autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O documento divulgado pela instituição destaca a imunização como uma ação de “grande relevância em saúde pública” pela possibilidade de mitigação de formas graves e óbitos pela Covid-19 nessa faixa etária; pela colaboração na redução da transmissibilidade da doença; e pela possibilidade de ser uma das mais importantes estratégias para o retorno e manutenção segura das atividades escolares presenciais. Em relação a esse último tema, a coordenadora do GT Fiocruz Retorno às Atividades Escolares, Patrícia Canto, destaca a redução do risco de transmissão e, sobretudo, a possibilidade de permanência das escolas abertas. “A aula presencial é mais do que é um direito da criança; é uma necessidade”, admitiu.

Ao longo da pandemia do novo coronavírus, o GT Fiocruz colaborou com a nota técnica publicada pela Fundação sobre a vacinação infantil e produziu documentos com orientações e recomendações para o retorno seguro das atividades escolares. O grupo, que também observou o comportamento do vírus SARS-CoV-2 e as consequências do ensino remoto nas crianças, reforçou a segurança garantida pela imunização. “É importante iniciarmos a vacinação nessa faixa de 5 a 11 anos. Mesmo que as crianças não se contaminem na mesma proporção que os adultos e idosos, transmitem o vírus na comunidade escolar e também fora dela. Além disso, há a possibilidade de evolução para formas graves da doença e óbito. Isto posto, é inaceitável possuirmos uma vacina que impede a gravidade da Covid-19 e privarmos um grupo de ser imunizado. Nenhum óbito infantil é aceitável por doenças imunopreveníveis”, salientou a coordenadora do GT.

Patricia Canto também comentou as consequências do afastamento das crianças do ambiente escolar. “Reconhecemos que o retorno às aulas deve ser o mais seguro possível, mas também defendemos que a aula presencial é mais do que um direito da criança; é uma necessidade. O afastamento da escola provoca uma série de impactos negativos na sua saúde, principalmente em relação a aspectos nutricionais, à saúde mental e à própria segurança dos menores, pois, em casa, tornam-se mais vulneráveis e sujeitos a casos de violência doméstica. A escola é um espaço de proteção”, reconhece a pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (ENSP).

O pesquisador da ENSP André Périssé, que também integra o Grupo de Trabalho, lembrou das discussões para priorizar a vacinação dos professores e a recomendação para imunização dos adolescentes, já no segundo semestre de 2021. Para ele, vacinar as crianças era o ponto que faltava para “fechar a equação” de um retorno mais seguro das atividades presenciais escolares. “Conversamos muito sobre a evolução da doença, o controle e a disseminação da Covid-19 no ambiente escolar. Lutamos pela prioridade dos professores para gerar um ambiente mais seguro, pela vacinação dos adolescentes, mas faltou uma parte em relação às escolas da educação infantil e do ensino fundamental 1. Conforme a vacinação foi avançando, permanecíamos com essa lacuna. Faltava fechar essa equação para melhorar a segurança nas escolas, principalmente naquelas cujas crianças não estavam na faixa etária de vacinação”. 

No que se refere ao retorno das aulas no primeiro bimestre de 2022, Périssé destaca que a variante Ômicron é reconhecida pela grande transmissibilidade, mas que as vacinas têm gerado boas respostas. Ele afirma que as festas de fim de ano serão um grande indicador do que está por vir em 2022, principalmente em relação às aulas presenciais. “Na grande maioria dos casos, o ambiente escolar é fechado, alguns locais têm pouca ventilação e nem todos os alunos, professores e profissionais utilizam máscaras de forma correta. Logo, é um ambiente propício para disseminação do vírus. Teremos uma avaliação melhor do cenário a partir de janeiro, quando tivemos os dados sobre a propagação após as festas de fim de ano e a entrada da Ômicron no país. Portanto, quanto mais seguro for o retorno escolar, melhor. E, em termos de segurança, a vacinação tem que ser ampliada para toda comunidade escolar”.

Os pesquisadores reforçam que a vacinação vai muito além do adoecimento pela Covid-19. Em 2019, a OMS considerou a "hesitação em se vacinar” como uma das dez maiores ameaças globais à saúde, e uma série de outras questões relacionadas ao aumento da disseminação de notícias falsas colaboram para queda na cobertura vacinal das crianças nos últimos cinco anos (em especial nos dois últimos anos por conta da pandemia), o que possibilita o retorno de doenças já erradicadas do país, como o sarampo. “A escola deve estimular os pais a manterem o calendário vacinal da criança em dia. Não podemos admitir que uma criança tenha sequelas graves ou possa morrer por uma doença que tem vacina. Elas estão sob risco, vários países no mundo já iniciaram a vacinação contra a Covid-19, temos comprovação da segurança e devemos inicia-la aqui no Brasil”, disse Patricia.
 
 Nota Fiocruz

A nota técnica lembra que, diante da transmissão e avanço da variante Ômicron em diversos países, existe uma preocupação com seu maior poder de transmissão, especialmente, em indivíduos não vacinados, o que faz das crianças abaixo de 12 anos um grande alvo dessa e possivelmente de outras variantes de preocupação. Os mais recentes indicadores mostram que, nos EUA, cerca de 5 milhões de crianças entre 5 e 11 anos de idade já foram imunizadas, sem eventos adversos significativos. O sistema de vigilância de eventos adversos dos EUA registrou 8 casos de miocardite em mais de 7 milhões de vacinados, todos com evolução favorável.

Segundo a nota divulgada, embora crianças adoeçam menos por Covid-19 e menos frequentemente desenvolvam formas graves da doença, elas transmitem o vírus na comunidade escolar e também fora dela. A vacinação de crianças é, portanto, uma alternativa robusta para garantir a continuidade de oferta de escola na forma presencial. E, embora menos suscetíveis às formas clínicas graves da Covid-19, crianças e adolescentes não são indiferentes ao seu impacto, quando considerada a dimensão mental. Os estudos apontam para retrocessos no desenvolvimento psicomotor, transtornos do humor, alimentares e do sono. O retorno às atividades escolares presenciais de forma regular permite a identificação e o cuidado de alunos com diferentes vulnerabilidades, muitas acentuadas pela pandemia. Dentre elas, as questões emocionais e o resgate das situações de evasão escolar após longo período sem escola.

 

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