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Fiocruz realiza seu IX Congresso Interno em meio aos desafios para o SUS e a saúde global

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Publicado em:06/12/2021


CEE-FIOCRUZ

Nos dias 8, 9 e 10 de dezembro de 2021, será realizada a plenária do IX Congresso Interno da Fiocruz, instância máxima de representação da instituição, na qual se definem suas diretrizes para os próximos quatro anos. Sob o tema Desenvolvimento sustentável com equidade, saúde e democracia: a Fiocruz e os desafios para o SUS e a saúde global, o Congresso realiza-se em meio a um dos períodos mais importantes da história mundial recente, marcado pela ameaça global da Covid-19, que não apenas evidenciou as contradições e a vulnerabilidade do atual modelo de desenvolvimento, como contribuiu para aprofundar ainda mais as desigualdades, conforme destaca o Documento de Referência, divulgado em 30/11/2021, e que orientará as discussões na plenária.

Nos últimos meses, uma série de quatro seminários preparatórios para o congresso, coordenada pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho, trouxe para a agenda institucional temas contemporâneos e estratégicos, tais como: o mundo do trabalho, os desafios da saúde, as mudanças climáticas e os desafios da ciência e da inovação. Pesquisadores externos à instituição foram convidados a discutir questões ligadas a esses temas em diálogo com pesquisadores da casa, nos encontros abertos, transmitidos ao vivo pelo Youtube.

Presidido pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, o Congresso Interno reúne delegados eleitos pelas unidades da instituição, em número proporcional aos de seus servidores, para deliberar sobre o regimento interno, propostas de alteração do estatuto e assuntos estratégicos relacionados ao projeto institucional. A primeira edição do Congresso Interno realizou-se em 1988, durante a gestão do sanitarista Sergio Arouca, que mudou os rumos do debate sobre a saúde pública no Brasil.

Disponibilizado para consulta pública pela Fiocruz no site do Congresso Interno, o Documento de Referência será discutido em grupos de trabalho e deliberado nos três dias de plenárias. O texto, consolidado pela Comissão Organizadora, traz as contribuições das unidades, câmaras técnicas e coletivos da Fundação. O documento foi apreciado pelo Conselho Deliberativo da Fiocruz em reunião no dia 25 de novembro, quando também foi aprovado o nome do professor Emérito Arlindo Fábio como coordenador da Relatoria de Síntese. 

“A Fiocruz defende que investimentos em ciência, tecnologia e inovação são bases para o desenvolvimento e para uma inserção internacional soberana”, aponta a Carta à Sociedade, que integra o Documento de Referência. “Nesse sentido, assume o compromisso de ampliar seu potencial de gerar novos conhecimentos, serviços e produtos, a partir de uma agenda científica alinhada aos desafios da sociedade e do Sistema Único de Saúde e convergente com as características das imensas transformações tecnológicas em curso”, diz, ainda o texto.


Leia abaixo a Carta à Sociedade, da Fiocruz:

CARTA À SOCIEDADE

O Brasil precisa construir um projeto de futuro, uma esperança assentada na realidade em que vivemos e com base na ciência. É premente que nosso presente seja dinamizado e impregnado da vontade e da ação para a construção de uma sociedade desenvolvida, sustentável, equânime e democrática.

Em meio a uma das mais graves e complexas crises que já assolaram o país, de múltiplas dimensões articuladas (econômica, política, social, ambiental, sanitária e humanitária), o IX Congresso Interno da Fiocruz, instância máxima de definição dos rumos institucionais, lança-se neste desafio, com a ousadia de olhar para frente e apresentar propostas institucionais para, em articulação com outros atores sociais, construir um país melhor, orientado pela ideia de garantir vida digna a todas as brasileiras e brasileiros.

Para tanto, devem-se enfrentar os problemas histórico-estruturais que caracterizam nossa sociedade – os legados do passado escravagista e colonial, as profundas desigualdades sociais e uma inserção internacional que expressa as imensas assimetrias do capitalismo global na distribuição da riqueza e no acesso ao progresso técnico e ao bem-estar – e rever o modelo de desenvolvimento vigente no país, de caráter concentrador de renda, excludente e não sustentável social e ambientalmente. Um novo modelo de desenvolvimento deve ter a justiça social, a democracia e a preservação do ambiente como finalidades e a saúde, a ciência, tecnologia e inovação e a educação como elementos basilares.

Por isso, a Fiocruz, mais uma vez, se soma aos movimentos de defesa do Sistema Único de Saúde, compreendendo o mesmo como parte de um sistema de proteção social mais abrangente. Não haverá desenvolvimento sustentável, justiça e equidade sem direito universal à saúde.

A Fiocruz defende que investimentos em ciência, tecnologia e inovação são bases para o desenvolvimento e para uma inserção internacional soberana. Nesse sentido, assume o compromisso de ampliar seu potencial de gerar novos conhecimentos, serviços e produtos, a partir de uma agenda científica alinhada aos desafios da sociedade e do Sistema Único de Saúde e convergente com as características das imensas transformações tecnológicas em curso.

Além disso, como instituição do Estado brasileiro que assume posição de ator global estratégico no campo da saúde, a Fiocruz defende uma agenda internacional que viabilize uma cooperação global movida pela solidariedade, que reduza as assimetrias globais de domínio e acesso às tecnologias, produtos e serviços em saúde, e não pela disputa, pelo isolamento e pela luta geopolítica decorrentes de interesses fragmentados, como revelado pelo atual contexto pandêmico.

Na construção desse futuro de desenvolvimento sustentável, com justiça social e vida digna, afirma-se a democracia como um valor universal. Por isso, a Fiocruz se soma, no cenário nacional, a outros atores – organizações públicas, privadas e sociedade civil organizada – na busca por um ambiente social que privilegie o diálogo, a escuta mútua e a participação popular nos processos decisórios. De sua parte, a instituição se mantém permanentemente disponível para esse debate, não apenas viabilizando o acesso amplo à sua produção científica, mas fundamentalmente recebendo as demandas dos diferentes grupos sociais, e posicionando-se como partícipe de processos de construção coletiva de políticas públicas.

Fiocruz é SUS. É equidade e inclusão. É ciência. É desenvolvimento sustentável. É democracia. Vamos construir juntos!

(Publicada no Documento de Referência do IX Congresso Interno da Fundação Oswaldo Cruz)
Fonte: CEE/ENSP
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