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Mortes por tuberculose aumentam pela primeira vez em mais de 10 anos, alerta Relatório Global 2021

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Publicado em:24/11/2021
O Relatório Global da Tuberculose (TB) 2021, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 14 de outubro, apresenta dados sombrios sobre a TB no mundo. "O principal deles mostra que a pandemia de Covid-19 reverteu anos de progresso global no combate à TB e, pela primeira vez em mais de uma década, as mortes por tuberculose aumentaram", alerta a sanitarista do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP), Marcela Bhering. 

Estimativas apontam que aproximadamente 10 milhões de pessoas desenvolveram TB em 2020. Destes, apenas 5,8 milhões de pessoas foram diagnosticadas e notificadas, refletindo uma queda de 23%, quando comparado com 7,1 milhões de pessoas em 2019. Além disso, pela primeira vez em mais de uma década, as mortes por TB aumentaram devido ao acesso reduzido aos cuidados de TB durante a pandemia. Em 2020, houve um número estimado de 1,3 milhão de mortes entre pessoas HIV-negativas e mais 214.000 mortes entre pessoas HIV-positivas. A OMS estima que o número de pessoas desenvolvendo TB e morrendo da doença pode ser muito maior em 2021 e 2022. 

Também houve redução na oferta de tratamento preventivo para TB. Cerca de 2,8 milhões de pessoas acessaram o tratamento em 2020, uma redução de 21% desde 2019. Além disso, o número de pessoas tratadas para TB resistente aos medicamentos caiu de 177.000 em 2019 para 150.000 em 2020, uma redução de 15%, equivalente a apenas cerca de 1 em 3 dos necessitados. 

De acordo com o relatório da TB, é trágica a constatação que nenhuma das metas da Reunião de Alto Nível das Nações Unidas (UNHLM) para 2022 serão atingidas, devido ao impacto da pandemia. 


“Temos apenas um ano para alcançar as metas históricas de TB de 2022, comprometidas pelos Chefes de Estado na primeira Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre TB. O relatório fornece informações importantes e um forte lembrete aos países para acelerar suas respostas à TB e salvar vidas com urgência”, disse a Dra. Tereza Kasaeva, Diretora do Programa Global de TB da OMS. “Isso será crucial quando começarem os preparativos para a 2ª Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre TB, agendada para 2023.”

Queda nos gastos globais com pesquisa e assistência em tuberculose

Houve uma redução nos gastos globais em serviços de diagnóstico, tratamento e prevenção de TB, de US$ 5,8 bilhões para US$ 5,3 bilhões, o que é menos da metade da meta global de financiamento total da resposta à TB de US$ 13 bilhões anuais para 2022. Isso se deve em grande parte a queda dramática no financiamento doméstico em países de baixa e média renda em 2020.

Embora haja progresso no desenvolvimento de novos diagnósticos, medicamentos e vacinas para TB, isso é limitado pelo nível geral de investimento em pesquisa e desenvolvimento, que em 2019 foi de US$ 0,9 bilhão, muito aquém da meta global de US$ 2 bilhões por ano.

Programa Nacional de Tuberculose lança Plano Nacional de Enfrentamento da TB 

No Brasil, o Ministério da Saúde lançou no dia 15/10/2021 o Plano de Nacional pelo Fim da Tuberculose como problema de Saúde Pública - Estratégias para 2021-2025 (http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/brasil-livre-da-tuberculose), com o objetivo de informar as coordenações estaduais e municipais de TB, sociedade civil e parceiros intersetoriais sobre as metas, indicadores e execução do Plano Nacional.

O Plano Nacional é baseado nas recomendações da Estratégia pelo Fim da Tuberculose da Organização Mundial de Saúde. Elaborado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose, com a participação de gestores estaduais e municipais, academia e sociedade civil, foi submetido à consulta pública e aprovado pela Comissão Intergestores Tripartite.

Com o advento da pandemia da COVID-19, a eliminação da TB como problema de saúde pública mundial ficou mais complexa, tendo em vista a diminuição de 25% no diagnóstico e o aumento de 26% da mortalidade por TB no mundo, segundo estimativas divulgadas pela OMS em 2020.

A sanitarista do Centro de Referência Professor Hélio (CRPHF), Marcela Bhering, ressalta que importantes avanços no controle da doença foram realizados de 2001 até 2015, reduzindo a incidência da doença em 18,1% neste período. Porém, no período de 2015 a 2019 ocorreu um aumento das taxas de incidência, explicado em parte pela grave crise social que o país passou nestes últimos anos. Por outro lado, observou-se uma queda acentuada das notificações da TB em 2020, relacionado com à diminuição dos diagnósticos de TB ocasionados pela pandemia de COVID-19.

Com metas de redução do coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e de mortalidade para menos de um óbito por 100 mil habitantes até o ano de 2035, o Plano busca apoiar as três esferas de governo na identificação de estratégias capazes de contribuir para essa redução. Para alcançar as metas de eliminação da TB no Brasil até 2035, será necessário fortalecer as estratégias para manutenção do diagnóstico, do tratamento e da prevenção da TB como serviços essenciais à população, e trabalhar de forma engajada para superar os impactos da pandemia e acelerar o progresso em torno dos compromissos assumidos.

Para Paulo Victor Viana, pesquisador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, é urgente que investimentos e novas tecnologias sejam realizadas para atingirmos as metas do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, uma delas é atingir a taxa de incidência de menos de 10 casos por 100 mil habitantes até 2035, seguindo compromisso pactuado com a OMS.

Pilares

O Plano Nacional Pelo Fim da Tuberculose se divide em três pilares: Prevenção e cuidado integrado centrado nas pessoas com TB, para diagnosticar oportunamente todas as formas de TB, tratá-las de forma adequada, além de intensificar as atividades colaborativas TB-HIV, as ações de prevenção e as estratégias voltadas para as populações vulneráveis.

Políticas arrojadas e sistema de apoio, que visam fortalecer o compromisso político e garantir recursos para as ações, participação da sociedade civil, articulação intra e intersetorial no desenvolvimento de estratégias e fortalecimento na vigilância. O terceiro pilar é o estabelecimento de parcerias para a realização de pesquisas em temas de interesse em saúde pública e a incorporação de tecnologias e iniciativas inovadoras para aprimorar o controle da TB.


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