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Paulo Freire: Patrono da Educação brasileira completa 100 anos de nascimento

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Publicado em:20/09/2021

Paulo Freire, que completaria 100 anos em 19 de setembro, é o patrono da Educação brasileira, por declaração da Lei nº 12.612/2012. Considerado o mais importante educador brasileiro, ele lutou pela universalização da Educação Básica e batalhou para que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) fosse instituída formalmente no país. A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) fez um número especial da revista Poli sobre os 100 anos do educador, sua história e obra. Confira!

São várias reportagens. Um homem e seu tempo mostra que ele sofreu influência e ao mesmo tempo influenciou uma época em que o Brasil vivia uma efervescência política e cultural.


Em 100 anos depois: Paulo Freire hoje, professores e pesquisadores defendem e praticam a atualidade da pedagogia freireana.


‘Escrever a história não é sentar e escrever no papel, é participar da construção da sociedade em todos os níveis’, disse Ana Maria Araújo Freire, conhecida como Nita Freire, pedagoga, mestre e doutora em educação. Aos 53 anos, viúva e com quatro filhos, casou-se com aquele que mais tarde se tornaria o patrono da educação brasileira, cuja memória ela se incumbe de guardar e difundir ainda hoje. Autora e organizadora de vários livros sobre a obra e a vida de Freire, Nita tem participado o mais ativamente possível das comemorações do seu centenário. Nesta entrevista, ela conta histórias, explica o ‘método’ de alfabetização de adultos que se tornou mundialmente conhecido e comenta as preocupações e objetivos que moveram o educador ao longo de toda sua vida: “a dignificação das pessoas e a democracia”.


‘Há uma dimensão pós-colonialista em Paulo Freire’, afirmou José Willington Germano, professor emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que, além de estudar, viu e viveu de perto a efervescência cultural que marcava o Nordeste brasileiro nos anos 1960. Quando a experiência de alfabetização de adultos de Paulo Freire aconteceu no pequeno município de Angicos, ele morava numa cidade ao lado. Mais tarde, pesquisou e produziu análise crítica sobre a campanha ‘De pé no chão também se aprende a ler’, que envolvia iniciativas de educação popular e cultura em Natal, mais ou menos no mesmo período das ‘40 horas de Angicos’. Nesta entrevista, ele descreve o ambiente cultural da época no “Brasil profundo” e aproxima o trabalho de Freire de autores que hoje discutem a opressão por uma perspectiva decolonial.


‘Acho que Paulo Freire, com suas grandezas e limites, abriu caminho para pensar o senso comum’, opinou Roberto Leher, professor, pesquisador e ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesta entrevista, ele destaca a importância do trabalho de Paulo Freire, ao mesmo tempo, em que faz um balanço crítico da estratégia política da qual os movimentos de educação popular e cultura dos anos 1960 teriam sido parte. Segundo o professor, em plena Guerra Fria, a educação se tornou cenário de disputa explícita, o que fez com que, na mesma época em que Freire avançava na alfabetização de adultos com foco na conscientização, chegasse ao país a teoria do capital humano, que marcaria o tecnicismo na educação ainda hoje.


‘Paulo Freire partia da percepção de que vivemos um sistema insuportavelmente injusto, excludente, opressor, racista e machista’, disse Walter Kohan, professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e autor de vários livros que tratam sobre a vida e a obra freireana. Nesta entrevista, produzida para a matéria de capa da Revista Poli e que integra um especial comemorativo do centenário de Paulo Freire, o pesquisador contextualiza as experiências desenvolvidas pelo patrono da educação brasileira. Ele também questiona o uso da expressão “conscientização” associada à sua pedagogia, analisa os programas educacionais atuais à luz dessa concepção e explica por que Freire se tornou alvo de perseguição de grupos políticos no Brasil de hoje.


‘Paulo Freire vai deixar claro que, sem uma gestão democrática, você não consegue qualidade de ensino’, acredita Lisete Arelaro, professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), que foi secretária de educação na cidade de Diadema em dois períodos e integrou a equipe de Paulo Freire que esteve à frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo do governo Luiza Erundina, em 1989. Nesta entrevista, ela conta detalhes dessa experiência, destacando os sucessos e as dificuldades da gestão, e mostra como se tentava colocar em prática as concepções freireanas.


‘Quanto mais autoritarismo e opressão a gente vê, mais Paulo Freire é um sinônimo de resistência’, afirma Ivanilde Apoluceno, professora e coordenadora do Núcleo de Educação Popular da Universidade Estadual do Pará (NEP-UEPA). Nesta entrevista, ela descreve sua experiência com alfabetização de jovens, adultos e crianças, incluindo uma pesquisa recente com algumas do espectro autista, utilizando os princípios e metodologia de Paulo Freire. A pesquisadora também analisa políticas e discursos educacionais contemporâneos à luz da pedagogia freireana e ressalta o que considera uma perspectiva decolonial na sua obra.


‘A grande herança de Paulo Freire é o enfrentamento da educação bancária, que na saúde se apresenta também na forma da educação sanitária’, falou Grasiele Nespoli, professora e pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fiocruz, que foi uma das coordenadoras do curso EdPopSUS, um projeto que formou quase dez mil lideranças comunitária e trabalhadores de saúde, principalmente Agentes Comunitários de Saúde (ACS), no Brasil inteiro. Nesta entrevista, ela explica como a herança de Paulo Freire tem se traduzido em experiências do campo da saúde, com potencial de mudar as relações entre profissionais e usuários do sistema.


Primavera Paulo Freire celebra os 100 anos do patrono da Educação brasileira

Nos dias 22, 23 e 24 de setembro, junto com a chegada da primavera, a Fiocruz promove uma série de atividades comemorativas online para relembrar e homenagear o legado do educador, criador de uma pedagogia genuinamente brasileira, baseada no método dialógico, no qual a construção do conhecimento envolve educadores e educandos e suas experiências cotidianas.


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Fonte: Revista Poli
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