No 31 de maio, OMS reforça importância da cessação do tabagismo
Filipe Leonel
Neste Dia Mundial sem Tabaco (31/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz um apelo aos usuários de tabaco em tempos de pandemia: “Comprometa-se a parar de fumar”. A escolha do tema para 2021, de acordo com a entidade, está relacionada ao fato de o tabaco matar mais de 8 milhões de pessoas por ano, e, conforme revelam estudos científicos, os fumantes possuírem maior risco de desenvolver doença grave e morte por Covid-19 do que os não fumantes. A campanha apoiará, pelo menos, 100 milhões de pessoas na tentativa de parar de fumar.
A iniciativa “Comprometa-se a parar de fumar” ajudará a criar ambientes mais saudáveis que conduzam ao abandono do tabaco, defendendo políticas fortes para a cessação do tabagismo, além de aumentar o acesso aos serviços de cessação e a conscientização acerca das táticas da indústria do tabaco, bem como capacitar os usuários de tabaco a tentarem, de forma bem-sucedida, parar de fumar por meio de iniciativas “Quit & Win”.
Ex-chefe do Secretariado da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da OMS e pesquisadora do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab) da ENSP/Fiocruz, Vera da Costa e Silva, lembra que a escolha do tema para 2021 está diretamente relacionada ao Artigo 14 da CQCT, que dispõe sobre as “Medidas de redução de demanda relativas à dependência e ao abandono do tabaco”. De acordo com a fundadora do Cetab, além de o sistema de saúde oferecer apoio para os indivíduos pararem de fumar, outras medidas de desestímulo ao fumo também devem ser incentivadas.
“Garantir ambientes livres de tabaco, aumentar o preço, propor ações educativas que abordem os malefícios do tabaco, incluindo as imagens de advertência, propor medidas de regulação do produto e redução da oferta de produtos de tabaco, incluindo produtos de nicotina como os dispositivos eletrônicos, são procedimentos que atingem a população para que ela não demande o tabaco”, afirmou a pesquisadora.
Vera cita, ainda, outras ações de redução e oferta, como combate ao contrabando, maior controle de venda para menores e o incentivo a alternativas ao cultivo do tabaco como importantes estratégias. Destacou também a ação do Secretariado ao longo da crise de Covid-19. “Em tempos de pandemia, é extremamente importante estimular a população a parar de fumar. A própria OMS reporta que o ato de levar o cigarro à boca pode aumentar a potencial infecção pela Covid-19 no indivíduo que fuma, mesmo sendo iniciante, uma vez que seu pulmão não é completamente saudável, e ele terá mais riscos de adquirir problemas pulmonares associados ao vírus. Trata-se de um grande momento para alertar aos fumantes que é a hora de parar de fumar. Uma mensagem que a Fiocruz deve passar à população. E a instituição já coloca isso como uma das medidas para conter a morbidade e mortalidade pela Covid-19”, completou.
Junto com seus parceiros, a OMS criará e construirá comunidades digitais em que as pessoas poderão encontrar o apoio social do qual precisam para largar o fumo. Para a pesquisadora Valeska Figueiredo, coordenadora do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da ENSP/Fiocruz, trata-se de um importante instrumento de motivação, principalmente pelo aumento do consumo de cigarro durante a pandemia.
É o que mostra a ConVid - Pesquisa de Comportamentos, um inquérito virtual de saúde realizado, durante a pandemia de Covid-19, pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), cujos resultados revelam que 34% dos fumantes relataram aumento no consumo de cigarros. O crescimento, conforme apontou o estudo, esteve associado à piora da qualidade do sono, ao isolamento dos familiares, tristeza, ansiedade e pior avaliação do estado de saúde.
“As pesquisas mostram que a maior parte dos fumantes para sozinha. Portanto, um estímulo com essa abordagem, por meio da mídia digital e da inteligência artificial, pode ser uma ferramenta interessante para promover a cessação. Tivemos aumento do consumo por conta do estresse provocado pelo isolamento social, e, como há resistência em procurar os serviços de saúde por outros motivos além da Covid-19, essa abordagem pode ser muito poderosa a fim de motivar as pessoas neste propósito.
Relevância da data
Silvana Rubano Turci, coordenadora do Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco, cita as ações da indústria para criar uma boa imagem e dificultar a cessação do tabagismo. "O tabagismo ainda é responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas em todo o mundo. E, em tempos de pandemia, quando as pessoas ficam mais ansiosas e isoladas, o desafio de parar de fumar aumenta. Para dificultar que as pessoas parem de fumar, a indústria do tabaco vende uma imagem de responsabilidade social, fazendo parcerias com prefeituras e outros órgãos, a fim de passar uma imagem colaborativa ou que são empresas interessadas na coletividade. Mas não se deixem enganar: parar de fumar é essencial, pois os interesses da indústria são incompatíveis com os da saúde publica.”
O Dia Mundial Sem Tabaco foi criado pelos Estados Membros da OMS em 1987 e é comemorado todos os anos em 31 de maio para aumentar a conscientização a respeito dos efeitos nocivos do uso do tabaco e do fumo passivo, como também desencorajar o uso de tabaco em qualquer uma de suas formas. “O 31 de maio tem sido uma data muito poderosa, porque aumenta a frequência de notícias sobre o tema na mídia e nas redes sociais. O Dia Mundial sem Tabaco, de fato, promove uma discussão muito importante.”
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