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Líderes sindicais reforçam importância da pesquisa sobre trabalhadores invisíveis

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Publicado em:26/02/2021
Em evento on-line realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência dos Estados de Goiás e Tocantins (Sintfesp – GO/TO), na quarta-feira (24/2), a pesquisadora Maria Helena Machado, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), apresentou o estudo inédito sobre “Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil”. Além de destacar a essencialidade para o sistema de saúde desse contingente de 1.5 milhão de trabalhadores, a palestrante lamentou as mais de 1500 mortes de profissionais de saúde durante toda pandemia de Covid-19. O vídeo completo do evento pode ser acessado aqui. Participe da pesquisa.

A pesquisa considera trabalhadores invisíveis da Saúde os técnicos e auxiliares de enfermagem, de Raio X, de análise laboratorial, de farmácia, maqueiros, motoristas de ambulância, recepcionistas, pessoal de segurança, limpeza e conservação e agentes comunitários de saúde. O objetivo é analisar as condições de vida, o cotidiano do trabalho e a saúde mental dessa força de trabalho buscando as alterações a que tiveram que se submeter emergencialmente durante a pandemia.

“Por que esses trabalhadores são invisíveis? Falamos de 1.5 milhão de trabalhadores, de aproximadamente 60 ocupações, que vivem desprotegidos de cuidados, sem voz e meios de expressar a real situação do seu cotidiano no trabalho. São invisíveis socialmente e, até mesmo, perante à própria equipe”, admitiu a pesquisadora.

 Maria Helena Machado revelou que a pesquisa sobre os profissionais invisíveis é produto de um estudo maior, lançado no segundo semestre de 2020, intitulado “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19 no Brasil”, que levantou dados sobre as condições de vida, trabalho e saúde de mais de 25 mil médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas que atuam diretamente na assistência e no combate à pandemia do novo coronavírus.

O questionário do estudo sobre os “invisíveis” explora aspectos objetivos e subjetivos sobre como esses trabalhadores lidam com a pandemia em seu dia a dia: se o trabalhador teve Covid-19 e se sente protegido em seu ambiente de trabalho contra o coronavírus; se sofreu algum tipo de violência ou discriminação; o que mudou em sua rotina profissional durante a pandemia e se houve mudança da carga horária de trabalho; se há Equipamentos de Proteção Individual (EPI) disponíveis e se houve treinamento adequado para sua utilização.

Convidados para debater o estudo, os líderes sindicais reforçaram a importância de a Fiocruz conduzir uma pesquisa destinada a esse contingente de trabalhadores da saúde. Além disso, também enalteceram o papel da ciência para enfrentamento da pandemia e destacaram a necessidade de vacinação.



Sandro Cezar, presidente da CNTSS/CUT, afirmou que debater os trabalhadores invisíveis da saúde é de extrema importância, uma vez que eles são fundamentais para estrutura do sistema de saúde, apesar de não serem reconhecidos pela própria sociedade. Ele, que é agende de endemias, lamentou o elevado número de mortes. “Muitos já perderam a vida nesse trabalho digno que é oferecer saúde à população. Enquanto as orientações de saúde determinam que a população deve ficar em suas casas, os trabalhadores da saúde estavam na rua cuidando da população. Trata-se de uma pesquisa de grande envergadura”, salientou.

Flaviana Alves Barbosa, secretária-geral do SINDSAÚDE/GO, lamentou a forma desequilibrada sobre como os trabalhadores da saúde na linha de frente da covid-19 são observados. “Não são apenas os médicos ou enfermeiros que trabalham no cuidado ao paciente com covid-19. Há todo um suporte por trás, formado por trabalhadores da limpeza, recepção, lavanderia, alimentação, almoxarifado, farmácia, radiologia. Não é só a sociedade que não os enxerga; a própria equipe também. Somos todos trabalhadores da saúde e temos que fazer o nosso SUS acontecer. Para isso, temos que lutar contra todo desmonte das políticas públicas e contratos precários desses trabalhadores”.

José Carrijo, presidente da FIO, reforçou o ineditismo da pesquisa. “Teremos um diagnóstico de setores da área saúde que jamais foram pesquisados. Além de conhecermos a realidade do trabalho dessas pessoas, poderemos propor alternativas e brigarmos por melhores condições e vínculos.”

Para encerrar o debate, Elvécio Ângelo do Nascimento, assistente administrativo do Hospital das Clínicas da UFG e representante do SINT-IFESgo, enfatizou que o risco é o mesmo para todos dentro de uma unidade hiospitalar. “Esses trabalhadores dão suporte para que o paciente tenha atendimento. Todos correm o mesmo risco em relação à contaminação. Não adianta o hospital ter planos de segurança destinados unicamente para um ambiente. Todos deveriam ser tratados da mesma forma”, completou. 

O debate foi conduzido por Heloiza Massanaro, diretora SINTFESP-GO/TO.

Clique aqui e conheça a seção especial sobre os profissionais da saúde na linha de frente da Covid-19.


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