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Pesquisa vai avaliar cursos de especialização em Saúde Pública com abordagem da Educação Interprofissional

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Publicado em:22/02/2021

Por: Danielle Monteiro

Como os egressos e coordenadores pedagógicos enxergam os cursos de especialização em Saúde Pública com a abordagem da Educação Interprofissional? A indagação levou a vice-direção da Escola de Governo em Saúde da ENSP a lançar a pesquisa A Educação Interprofissional: construindo evidências a partir da Nova Formação em Saúde Pública na Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública. Desenvolvida no âmbito do projeto A Nova Formação em Saúde Pública, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/ENSP), a investigação pretende avaliar os cursos de especialização em Saúde Pública das instituições integrantes da Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública.

A ideia é, a partir dos resultados, contribuir para a construção de evidências da potencialidade da Educação Interprofissional nos cursos de especialização em Saúde Pública. “Partimos da perspectiva de que a incorporação da abordagem da Educação Interprofissional (EIP) nos cursos de especialização em Saúde Pública traz significativos impactos na formação dos sanitaristas e orienta suas práticas profissionais para o desenvolvimento de competências colaborativas para o trabalho em equipe na Atenção à Saúde”, destaca a vice-diretora da Escola de Governo da ENSP e coordenadora da Secretaria Técnica e Executiva da RedEscola, Rosa Souza.

Os achados vão servir como base para a produção de uma publicação com o intuito de demonstrar o potencial dos aportes teóricos e metodológicos da EIP na formação de sanitaristas para a melhoria do trabalho colaborativo na saúde. Os resultados vão ajudar, ainda, a preencher uma lacuna de conhecimentos sobre o potencial de transformação da EIP, além de fornecer importantes elementos para a qualificação dos processos formativos para o SUS.

Como será realizada a pesquisa?

Amparada na publicação conjunta do InterprofessionalResearch.Global e da Interprofessional.Global, denominada Orientações sobre pesquisa global em educação interprofissional e prática colaborativa, a investigação conta com a participação de dez instituições formadoras que concluíram a formação de sanitaristas, sendo duas turmas por região geográfica do país, de modo a contemplar todo o território brasileiro.  “Calcula-se uma média de 30 alunos por turma, podendo ter algumas variações nesse número, e um coordenador por curso. Dessa maneira, teremos aproximadamente a avaliação de 300 egressos e 10 coordenadores”, conta Rosa.

Com duração de um ano, a pesquisa contempla dois grupos de informantes-chave. O primeiro são os coordenadores do curso e o segundo, os egressos. “No caso da participação dos coordenadores pedagógicos, será aplicada uma entrevista virtual, que vai apresentar questões elaboradas com o intuito de captar dados sobre o processo de condução pedagógica dessa oferta educacional e de avaliar se, efetivamente, conseguiu-se alcançar os objetivos da proposta de curso, que é o desenvolvimento de competências colaborativas interprofissionais no âmbito da especialização em Saúde Pública”, explica Rosa.

Já para os egressos, a pesquisa ocorrerá por meio do envio de um questionário eletrônico, com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A proposta, nesse caso, é conhecer a percepção do egresso em relação ao curso, como se deu o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem para a prática colaborativa interprofissional e se o curso trouxe benefícios para a formação em Saúde Pública centrada na prática colaborativa interprofissional. 

A pesquisa será iniciada com três instituições: Escola de Saúde Pública do Mato Grosso do Sul, com 39 concluintes; Escola Tocantinense do SUS, com 44 concluintes, e Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, com 32 concluintes. “Dessa maneira, nessa primeira etapa, teremos representantes das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste, já com um número importante de participantes”, explica Rosa. As outras instituições coparticipantes aguardam a aprovação do projeto nos seus respectivos comitês. A previsão é de que essas reuniões dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) aconteçam em fevereiro. Em seguida, será obtido o parecer da avaliação. A partir de então, a pesquisa será ampliada para as sete outras instituições.

“O êxito dessa investigação depende, em certa medida, da mobilização dos egressos pelos coordenadores e apoiadores pedagógicos, em razão da proximidade e interação com os sanitaristas formados, construídas durante o curso, de forma a sensibilizá-los sobre a relevância e contribuição da pesquisa na qualificação dos processos formativos no campo de Saúde Pública”, ressalta Rosa.

A vice-diretora afirma que a EIP e as práticas colaborativas na saúde podem ajudar a enfrentar os desafios do sistema de saúde brasileiro para a melhoraria da qualidade da Atenção à Saúde. Segundo Rosa, por esse motivo, é inadiável a incorporação dos aportes conceituais, teóricos e metodológicos da EIP nos processos formativos para o SUS. “Nossa hipótese é que a incorporação da abordagem da EIP nos cursos de especialização em Saúde Pública impacta a formação dos sanitaristas e influencia suas práticas profissionais para o desenvolvimento de competências interprofissionais no trabalho em equipe na Atenção à Saúde”, afirma.

Participam da pesquisa as seguintes instituições: Escola de Saúde Pública do Mato Grosso do Sul, Escola Tocantinense do SUS, Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, Universidade Federal do Acre, Escola de Saúde Pública do Paraná, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Saúde Pública da Bahia, Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, Escola de Saúde Pública do Mato Grosso e Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca ENSP/Fiocruz.

A Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública e os cursos de especialização 

A Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola) exerce um protagonismo e possui reconhecimento nacional na implantação da Educação Interprofissional (EIP) no Brasil, através de estratégias e iniciativas de incorporação dos aspectos conceituais, teóricos e metodológicos da EIP no curso de especialização em Saúde Pública, que visa contemplar os 26 estados brasileiros. Dos 31 cursos implantados em 25 estados, 12 já foram concluídos. 

Encontram-se em desenvolvimento 19 turmas em 13 estados. Em fase de implantação, temos mais uma turma, que é a da Universidade Federal de Roraima. Esta iniciativa, dada a sua pujança e capilaridade, gerou um conjunto de outras, tais como:  oficinas regionais com os coordenadores e apoiadores dos cursos sobre a EIP e a formação de sanitaristas; e, mais recentemente, a produção de um e-book, em fase final de elaboração, fruto dos debates virtuais  realizados com docentes e pesquisadores, com larga e reconhecida expertise na educação e no trabalho interprofissional na saúde.

Segundo o professor José Rodrigues Freire Filho, doutor em Ciências com Pesquisa sobre Educação interprofissional em Saúde e membro fundador da Rede Regional de Educação Interprofissional das Américas (REIP), a especialização em Saúde Pública, com o uso da Educação Interprofissional (EIP) como estratégia, coordenada nacionalmente pela RedEscola e executada pelas instituições formadoras nos estados, é considerada uma oferta inovadora mundialmente, pois engloba os processos formativos na pós graduação e prepara o profissional para trabalhar em equipe, interagindo com os outros, com capacidade de resolução de conflitos, compartilhando ações e tendo o cuidado centrado no paciente como foco prioritário.




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