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Novo relatório da OMS sobre a tuberculose alerta sobre os efeitos da Covid-19

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Publicado em:06/11/2020
O último relatório Global da OMS 2020 sobre a Tuberculose (TB), divulgado no último dia 14/10 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que o acesso aos serviços de saúde continua a ser um desafio, principalmente em tempos de pandemia de Covid-19, sinalizando que as metas globais de prevenção e tratamento pactuadas na histórica Assembleia Geral da ONU em setembro de 2018, serão perdidas se não houver ações e investimentos urgentes.
 
Em 2019, aproximadamente 1,4 milhão de pessoas morreram devido à tuberculose, a doença infecciosa que mais matou em todo o mundo e, cerca de 10 milhões de pessoas desenvolveram a doença naquele ano, porém, cerca de 3 milhões não foram diagnosticadas ou não foram oficialmente notificadas às autoridades nacionais, de acordo com a OMS.

A situação é ainda mais preocupante para pessoas com tuberculose resistente a medicamentos. A OMS estimou cerca de 465 mil pessoas foram recentemente diagnosticadas com TB resistente aos medicamentos em 2019 e, destas, mais de 60% não conseguiram obter acesso ao tratamento.

O relatório destaca o fato de que a incidência e as mortes por tuberculose estão diminuindo, mas não rápido o suficiente para atingir as metas globais eliminação da tuberculose até o ano de 2030.
Além disso, as interrupções nos serviços de saúde causadas pela pandemia Covid-19 levaram a mais retrocessos, ameaçando reverter o progresso recente na redução da carga global da tuberculose, segundo o relatório da OMS. Em muitos países, recursos humanos, financeiros e outros foram realocados da TB para a resposta da Covid-19, afetando o diagnóstico de pessoas com TB, ocasionando uma redução de, aproximadamente, 25% em países como a Índia, Filipinas e Indonésia nos primeiros 6 meses de 2020 em comparação com o mesmo período de 6 meses em 2019. 

Estima-se que 1,8 milhão de pessoas possam morrer de tuberculose em 2020 (números vistos pela última vez em 2012).  Os números foram baseados na modelagem da OMS em que estimou um adicional de 200.000 a 400.000 mortes por TB em 2020 se o número de pessoas com TB  diagnosticadas e tratadas cair de 25% a 50% em um período de três meses.

Apesar do cenário preocupante, avanços significativos devem ser celebrados segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “O número de pessoas tratadas para TB cresceu desde a Assemblei Geral da ONU, com mais de 14 milhões de pessoas atendidas com tratamento de TB entre 2018 e 2019. O número de pessoas recebendo tratamento preventivo de TB quadruplicou desde 2015, de 1 milhão em 2015 para mais de 4 milhões em 2019”.
 
Tratamento da tuberculose

“A tuberculose é uma doença relacionada a pobreza e as dificuldades econômicas, vulnerabilidade, marginalização, estigma e discriminação são freqüentemente enfrentadas pelas pessoas acometidas pela tuberculose. Aproximadamente 1/4 da população mundial está infectada por M. Tuberculosis, bactéria causadora da tuberculose. A TB é curável, cerca de 85% das  pessoas que desenvolve a doença pode ser tratada com sucesso com um regime de medicamentos de 6 meses”, disse Jesus Ramos, chefe do Centro de Referência Professor Helio Fraga/ENSP/Fiocruz.
 
Cenário da tuberculose drogarresistente no Brasil

Durante os 9 primeiros meses de 2019, um total de 1.030 casos de tuberculose drogarresistente (TBDR) iniciaram o tratamento no Brasil, frente à 874 casos no mesmo período em 2020,o que representa uma uma redução de 15,1% do número de diagnósticos em relação à 2019.

No Centro de Referência Professor Helio Fraga (CRPHF/ENSP/Fiocruz), instituição de referência da Fiocruz na assistência e pesquisa sobre tuberculose resistente e outras micobacteriores, os números foram mais preocupantes. No período de janeiro a setembro de 2019 um total de 79 casos de TBDR iniciaram o tratamento na instituição, por outro lado, durante os nove primeiros meses de 2020, um número de 59 pacientes foram tratados, representando uma redução de 25,3% no número de tratamentos comparado ao mesmo período de 2019.

“No curto prazo, as respostas recomendadas pelas autoridades mundiais em saúde para evitar à propagação da Covid-19 por meio do distanciamento social e confinamento, de certa maneira foi severo nos serviços de atendimento à tuberculose, impactando severamente o diagnóstico e notificações dos casos de tuberculose, apesar dos esforços na manutenção da continuidade dos serviços essenciais que tratam pessoas acometidas pela TB”, disse Paulo Victor Viana, pesquisador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga/ENSP/Fiocruz.

“A pandemia da Covid-19 trouxe muita atenção à saúde, particularmente acredito que esse interesse continuará quando a crise acabar. A Covid-19 criará de certa forma sistemas de saúde mais fortes que podem oferecer melhores cuidados de saúde para à população, somado a isso, temos a oportunidade de aproveitar a caixa de ferramentas de inovações que foram criadas para a Covid-19 para beneficiar também os programas de controle de tuberculose. Além disso, por causa da Covid-19, o hábito social de uso de máscaras faciais se tornou menos estigmatizante e há uma aceitação mais ampla de que qualquer pessoa pode ter uma infecção respiratória. Paralelamente, isso poderá tornar a tuberculose menos estigmatizada”, afirmou Paulo Victor Viana.


Fonte: OMS
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