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Desigualdade nas cidades acentua consequências da pandemia

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Publicado em:26/10/2020
As cidades e os grandes centros estão preparados para receber uma nova pandemia? Qual é o papel dos sanitaristas, arquitetos, pensadores do urbano, pesquisadores, universitários e construtores na criação desse modelo? É possível tornar a cidade um instrumento de promoção da saúde e, assim, reduzir as desigualdades no ambiente urbano? O tema, que esteve na pauta do DSSA Debate no dia 30 de setembro, debateu a relação entre a saúde pública e o planejamento urbano e apresentou as ações da Fiocruz para o 40º Seminário Anual do Grupo de Saúde Pública (PHG-UIA), parte integrante do 27º Congresso Internacional de Arquitetos (UIA 2021 RIO), que será realizado em julho de 2021, no Rio de Janeiro.

Conduzido pela pesquisadora Clementina Feltman, o evento mobilizou mais cerca de 60 participantes para debater como a saúde pública pode contribuir para a melhoria das cidades.

“Aproximar o tema da saúde pública do planejamento urbano e do urbanismo é fundamental para reduzir a de desigualdade urbana e promover a qualidade de vida urbana. Esse tema já era o objeto da 8ª Conferência Nacional de Saúde, quando se colocava a reforma urbana como um dos pilares da reforma sanitária. É importante observamos que a pandemia nos trouxe uma nova realidade, além de expor a importância dessa relação entre a saúde e a cidade criando um ambiente que expõe evidências cientificas”, afirmou o pesquisador do DSSA Jorge Castro.

O pesquisador Jerônimo de Moraes Neto, de Bio-Manguinhosm falou sobre a realização do PHG-UIA, de 18 a 22 de julho de 2021, e os principais eixos do evento. O Seminário, organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento Hospitalar (ABDEH), visa contribuir para a maior eficiência, segurança e qualidade dos edifícios de saúde e do meio urbano. Os temas transversais são Saúde e Cidades e Arquitetura para a Saúde. 

O pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz Renato da Gama-Rosa Costa, que também coordena o GT Fiocruz de Organização do PHG-UIA, disse que é uma tradição da instituição estudar as edificações e saúde e convocou outros profissionais a participarem do seminário, que receberá trabalhos para apresentação até 18 de dezembro de 2020. 

Já o arquiteto Luiz Carlos Toledo falou sobre como a diferença na infraestrutura das cidades escancara as desigualdades principalmente durante uma pandemia. “Da mesma forma como a pandemia mostrou que o mundo é um só e está sujeito aos mesmos males, revelou o quanto ele é desigual. A desigualdade é algo que a pandemia escancarou. Essa desigualdade começa pela falta de estrutura de saneamento da favelas, nas periferias e espaços onde moram e vivem os pobres e, além de ser constrangedora, é cruel e se percebe na elevada mortalidade e incidência da Covid-19 nas favelas, por exemplo". 

O convidado falou também sobre o despreparo das cidades para o atual momento. “Os arquitetos terão um papel enorme na busca dessa cidade pós-pandemia, mas ainda temos um assunto prioritário. A Covid veio para ficar. A cidade deve se preparar para combater esse mal que nos acomete nos dias de hoje, pois está muito despreparada para combatê-lo. Porém, a mudança da cidade corresponde à sociedade que vive nela. E nossa sociedade não está preparada para isso com shoppings abertos, praias lotadas e muito despreparo e desinteresse para combater o coronavírus. Antes de pensar na cidade futura, devemos nos concentrar na mudança da cidade atual”.

Além de falar sobre o difícil cenário da Covid-19 no país, o arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot discorreu sobre ou outros tipos de pandemia que acometem a sociedade, como a do radicalismo. “A pandemia do radicalismo nos coloca em lados expostos e cria situações que não permitem a nossa evolução”. Outro ponto lembrado pelo palestrante foi a desigualdade social no mundo contemporâneo. 

O diretor da ENSP, Hermano Castro, afirmou que as cidades são desumanas. Ele, que é pneumologista e trabalha com a poluição do ar e do ambiente, disse que a pandemia deve fazer a sociedade repensar o modelo de cidade. “É hora de repensar muita coisa. A modernidade que imaginávamos há um ano, mudou. Com a pandemia, devemos rever nossa forma de lidar com a natureza, a ventilação dos ambientes e humanizar, de fato, as cidades. Fiocruz tem um papel importante nesse processo”.

Também presente no evento, a pesquisadora Simone Cynamon, que há 11 anos trabalha a saúde urbana na ENSP/Fiocruz, destacou a vasta atuação desse campo lembrando que  pensar e promover as políticas de saúde como função integrante das políticas urbanas é um objetivo estratégico para a revisão dos instrumentos de planejamento urbano.


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