Pesquisador do Cesteh comenta sobre os males dos agrotóxicos
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Para falar mais a respeito deste tema, o coordenador do Centro de Estudos da Saúde e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp/Fiocruz) Luiz Cláudio Meirelles fez um panorama sobre alguns pontos importantes do uso desenfreado de agrotóxicos no país. “Não vimos novos produtos com perfil toxicológico melhor e nem no ponto de vista da produção agrícola melhorou”, comentou.
Não existe dose segura
Das dúvidas mais comuns sobre o tema, muito se pergunta se existe uma dose segura para o uso ou exposição aos agrotóxicos. Para o coordenador isso não existe porque, segundo ele, uma pequena dose pode desencadear doenças crônicas. “ É um efeito ao longo prazo. Não importa a “dose” usada, a longo prazo a pessoa pode ter a doença”, explicou ele, alegando que mesmo que se tenham feito pesquisas, uma dose “ideal” nunca é encontrada já que qualquer quantidade expõe a pessoa a risco.
Saúde Pública
Para o pesquisador, o que deve ser feito ao ponto de saúde pública é reduzir a exposição ao máximo e proibir todas as substâncias que tenham características de produzir câncer, mutação, danos neurológicos. “ Todas essas substâncias devem ser substituídas para as que não tenham esses efeitos”, sugeriu o pesquisador, já que tudo isso expõe ainda mais a população.
Trabalhador e população são afetados
O mais afetado pelo produto é o trabalhador, tanto pela exposição aguda, como pela exposição crônica, diz Cláudio. Mas, toda a população está exposta, já que o agrotóxico chega através de alimentos, da água entre outros meios. “ O trabalhador é o foco central, ele está mais sujeito aos perigos do agrotóxico, por estar mais em contato. Porém, a população também é atingida devido a via alimentar, via respiratória, via água, enfatizou ele.
“O PL do Veneno”
Outro ponto negativo comentado pelo pesquisador é o Projeto de Lei 6299/02. O PL, que foi construída pela bancada ruralista, com parte do representante da agricultura e indústria do agrotóxico prejudica ainda mais o controle dessa poluição. O pesquisador alega que tanto o meio ambiente como a saúde foram deixado de lado pelo PL. “Nada que veio de emenda do posto ambiental e da saúde entraram no PL. Eles questionam que a burocracia atrapalha no crescimento do país. Não atrapalha! Na verdade, é nesse processo que se proíbe produtos cancerígenos, ou seja, os que prejudicam à saúde do trabalhador”, ressalta ele, alertando que não houve novas tecnologias para justificar a liberação desses produtos, já que todos os produtos liberados foram moléculas velhas, já proibidas em outros países.
E o ano não começou muito bem. Na última sexta-feira (10), um dia antes da comemoração da data, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerou uma servidora do Ibama Mariza Zerbetto que era responsável pelo controle e avaliação dos impactos de produtos químicos sobre o meio ambiente. Para a Folha de São Paulo a servidora alegou ter sido pega de surpresa com a publicação no Diário Oficial. Mariza era responsável pelas autorizações, licenças para uso, comercialização, importação e exportação de diversas substâncias químicas.
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