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'Cadernos de Saúde Pública' de maio faz balanço sobre a pesquisa da ENSP Nascer no Brasil

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Publicado em:17/05/2018
'Cadernos de Saúde Pública' de maio faz balanço sobre a pesquisa da ENSP Nascer no BrasilHá quatro anos, a pesquisa Nascer no Brasil lançou os primeiros resultados, com o panorama do parto e nascimento no país, caracterizado por excessivas intervenções. Debates aconteceram na comunidade acadêmica, no ambiente profissional e na sociedade em geral, gerando iniciativas. É o que aborda o volume 34 número 5 da revista Cadernos de Saúde Pública, que tem editorial assinado pela coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal, da ENSP. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), foi lançado o programa Rede Cegonha. Outro destaque é o Programa de Formação em Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal para Atuação dos Comitês de Mortalidade na modalidade de ensino à distância (EAD). Um avanço expressivo também foi o estudo Nascer nas Prisões. Duas medidas jurídicas tomadas posteriormente aos resultados vieram a beneficiar esse grupo social: a proibição do uso de algemas durante o parto (Lei no 13.434/2017) e a prisão domiciliar para presas não condenadas, gestantes ou com filhos até 12 anos ou com deficiência (Supremo Tribunal Federal – Habeas Corpus Coletivo de fevereiro de 2018). Em 2017, o Ministério da Saúde lançou um projeto de aprimoramento e inovação no cuidado e ensino em obstetrícia e neonatologia, denominado Apice-On, objetivando melhorar a formação clínica e a gestão do cuidado na especialidade. 
 
Para Maria do Carmo, os dados dessas pesquisas demonstram os benefícios de investimentos em ciência e tecnologia para análise e monitoramento de políticas públicas, sendo essencial que os avanços em curso possam continuar e se expandir com o propósito de que a atenção ao parto e nascimento seja constantemente aprimorada. 
 
Entretanto, considera a pesquisadora da ENSP, que, para a consolidação de todos os passos dados até aqui, é indispensável aumentar o financiamento público no setor saúde, a defesa intransigente dos direitos sociais e de cidadania, a valorização das mulheres, e sobretudo, a redução da pobreza e das iniquidades sociais em saúde. Por último, ela acredita ser de suma importância a redução da mortalidade materna, um dos principais tópicos dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, sendo que para atingí-lo, é imprescindível que profissionais de saúde, gestores e a sociedade unam esforços a fim de intensificar as mudanças destinadas a elevar a qualidade da atenção obstétrica, em particular durante o período pré-natal e no parto. Assim, os resultados dos estudos mencionados reforçam que sejam adotadas medidas voltadas para a redução de desfechos adversos para mães e bebês, afirma Maria do Carmo. 
 
Essa edição do CSP publicou também diversos artigos sobre atenção pré-natal, obesidade em idosos, cuidados das usuárias de cocaína e crack, acidentes de trabalho, mortalidade por diabetes e gravidez com zika. No artigo Fatores associados ao abandono e ao óbito de casos de tuberculose drogarresistente (TBDR) atendidos em um centro de referência no Rio de Janeiro, Brasil, os pesquisadores da ENSP Paulo Victor de Sousa Viana, Paulo Redner e Jesus Pais Ramos alertam que a tuberculose drogarresistente (TBDR) representa hoje uma grave ameaça aos avanços no controle da tuberculose (TB) no Brasil e no mundo. No estudo deles, investigam-se fatores associados ao abandono e ao óbito de casos em tratamento para TBDR, em um centro de referência terciária do Município do Rio de Janeiro, Brasil. Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva, a partir dos casos notificados no Sistema de Informação de Tratamentos Especiais de Tuberculose (SITETB), no período de 1º de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2013. Um total de 257 pacientes foi notificado no SITETB e iniciou o tratamento para TBDR. Desse total, 139 (54,1%) tiveram sucesso terapêutico como desfecho, 54 (21%) abandonaram o tratamento e 21 (8,2%) evoluíram para óbito. Após análise de regressão logística multinomial múltipla, a faixa etária acima de cinquenta anos foi observada como único fator de proteção ao abandono, ao passo que ter menos de oito anos de escolaridade e reingresso após abandono foram considerados como fatores de risco. Reingresso após abandono, recidiva e falência indicaram fatores de risco. Os dados da pesquisa reforçam a concepção de que o abandono do tratamento de tuberculose resistente é um sério problema de saúde pública, sendo necessário um adequado acompanhamento no tratamento de pacientes com esse histórico e com baixa escolaridade. Além disso, uma rede de apoio social ao paciente é imprescindível para que desfechos desfavoráveis sejam evitados, salientam os autores.
 
Acesse aqui todos os artigos publicados no Cadernos de Saúde Pública (vol. 34 n. 5), de maio de 2018.

Fonte: CSP vol. 34 n.5
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1 comentários
LUCIANA DIAS DE LIMA
21/05/2018 16:55
No mês que homenageamos as mães, o Editorial e o artigo publicado na seção Perspectivas de CSP abordam os avanços e desafios da atenção ao parto e ao nascimento no Brasil. Portanto, vale a pena também conferir o artigo intitulado 'Cuidado obstétrico: desafios para a melhoria da qualidade', de autoria de Margareth Crisóstomo Portela, Lenice Gnocchi da Costa Reis, Mônica Martins, Juliana Loureiro da Silva de Queiroz Rodrigues, Sheyla Maria Lemos Lima, que enfatiza as ações necessárias a prestação de um cuidado obstétrico seguro, centrado na paciente, efetivo e equânime.