INFORME ENSP

Ética ambiental: diálogos com produção e saúde foi o tema do 3º Seminário de Integração promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS). Realizada em 1º de agosto, na ENSP, a atividade teve três exposições que abordaram a ética ambiental, questões relativas ao trabalho e ao meio amnbiente e a incidência de câncer e exposições ambientais. O objetivo do evento foi promover uma reflexão de consistência ética sobre a relação do homem com o meio ambiente, além de estimular atitudes individuais e coletivas que visem ao restabelecimento do equilíbrio entre homem e meio ambiente.

A sessão teve participação do doutor em Saúde Pública pela ENSP Gabriel Schultz, que abordou Questões e perspectivas da ética na relação entre saúde, trabalho e meio ambiente; da professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Rita Leal Paixão, que apresentou um Panorama geral sobre a ética ambiental; e do aluno de doutorado do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP Gélcio Mendes, que falou sobre a Incidência de câncer e exposições ambientais. Na apresentação, a doutoranda do PPGBIOS Juliana Clemente Machado contextualizou a ética ambiental e bioética. A aluna apontou que ética ambiental preocupa-se com as relações éticas mantidas entre o homem e o mundo natural, suas responsabilidades com relação ao mundo e os animais e plantas que o habitam.

A bioética, por sua vez, corresponde a um saber que engloba preocupações sobre a população, a paz, a pobreza, a ecologia, a vida animal, o bem-estar da humanidade e a sobrevivência da espécie humana e do planeta. Juliana abordou ainda a questão da economia verde, que pretende transformar ativos ambientais em mercadorias com preço. Iniciando as apresentações, Rita Leal Paixão definiu ética ambiental, também chamada ecoética ou ecofilosofia. Segundo ela, a ética ambiental é uma disciplina recente, atenta às relações que o ser humano mantém com a natureza. Rita também contextualizou historicamente o surgimento do movimento ecológico. “Na década de 60, vários movimentos sociais surgiram, entre eles o das mulheres, dos negros, os ecológicos. Houve ainda a difusão dos meios de comunicação de massa, tudo isso potencializou o movimento ecológico”, destacou.

O doutor em Saúde Pública pela ENSP Gabriel Schultz argumentou que somos sujeitos de uma sociedade de consumo e totalmente desiguais em nossa capacidade de decidir. Ele questionou se é possível ter ética numa sociedade de consumidores e citou as características da economia verde. “Precisamos associar os problemas ecológicos que temos com as nossas formas de produção”, afirmou. Por fim, o doutorando do Programa Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP Gélcio Mendes conceituou, em sua palestra, que câncer é um processo de desregulação de eventos celulares relacionados à proliferação e morte celular.

Gélcio, que é médico oncologista, apresentou aspectos genéticos da doença e citou as síndromes de câncer familiar e os polimorfismos genéticos. Outro ponto discutido foi a interação genético-ambiental. Segundo ele, agentes químicos ou físicos, o aumento no risco de desenvolver neoplasias e o elevado impacto na população são alguns aspectos dessa interação. O médico apresentou uma tabela que quantifica as principais causas no desenvolvimento de câncer, na qual o tabaco está no topo da lista. As exposições ambientais e ocupacionais também foram debatidas. Por fim, o médico discutiu a relação dos agrotóxicos e o câncer.