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Pandemia e Agronegócio foram temas de debate na sessão científica da Rede Trabalhadores & Covid-19

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Publicado em:22/09/2022
Os frigoríficos voltaram a ser tema de mais uma sessão científica da Rede de Trabalhadores & Covid-19. Desta vez, o geógrafo e tradutor, professor associado da TerritoriAL/UNESP, Allan Rodrigo de Campos Silva, fez ponderações entre a pandemia e agronegócios, abordando a espacialização da covid-19 em territórios frigoríficos nos EUA e Brasil.

A moderação da atividade foi feita pelo médico do trabalho e o presidente da FTIA, Roberto Ruiz. “A ciência precisa ter um sentido, e que ela seja para melhorar a humanidade”, salientou o integrante da Rede Trabalhadores & Covid-19. Além disso, Ruiz salientou a importância da presença de diversos setores responsáveis por iniciativas voltadas para a decisão das questões relacionadas à saúde estarem presente na sessão científica, como representantes do Ministério Público do Trabalho, dos serviços de atenção integral aos trabalhadores e diversos cientistas.

“A Covid-19 tem tudo a ver com industrialização da Pecuária a destruição da natureza”

Como as doenças surgem no escopo do capitalismo? Algumas delas estão ligados aos frigoríficos? Segundo o geógrafo Allan Rodrigues, sim, como a covid-19. Para explicar um pouco, ele usou a exemplificação sobre a Epizootia de Febre Suína Africana, que atingiu o continente em 2018-2019, levando ao sacrifício de 200 milhões de porcos para evitar o avanço da doença. “Todo esse processo de produção dos frigoríficos oferece uma janela de oportunidades para o vírus testar o seu caminho de gestão”, explicou ele, salientando que o sistema, como um todo, está inserido num processo autodestrutivo, já que mesmo com cobertura vacinal esses ambientes não conseguem ficar livre das cepas dos vírus, sendo um espaço onde se reproduzem.

Só na primeira onda, segundo estudos apresentados pelo pesquisador, houve entre 86 mil a 310 mil casos, com 426 a 5 mil mortes, considerando trabalhadores, familiares e comunidades próximas aos frigoríficos no EUA. “É necessário olhar para a espacialização da doença para além do espaço físico do frigorífico. Se a espacialização for mapeada, poderemos controlar o impacto danoso do agronegócio nos países”, explicou o pesquisador sobre o contágio, que é mais do que só o espalhamento do vírus da Covid-19 em trabalhadores, comunidades e familiares. “Existe uma territorialização do contágio ou, ainda diria, a produção de um espaço de contágio que vai responder as dinâmicas das relações urbanas x regionais, por exemplo o fluxo de pessoas e comércio, dentre outras”.

Para o pesquisador, os frigoríficos foram responsáveis pela interiorização da covid-19 em países inteiros, principalmente nos Estados Unidos e Brasil. “ No meu ponto de vista, em caso de doenças epidêmicas respiratórias, os frigoríficos devem iniciar imediatamente o protocolo de testagem de forma preventiva, antes de haver casos”, opinou o pesquisador ressaltando que em países como o Brasil, nem depois dos casos, as testagens acontecem.

Dentre cerca de 200 mil casos no Brasil de contágio da Covid-19, 25% deles era força de trabalho de frigoríficos. Um mapa apresentado pelo pesquisador mostra que muitos dos casos em estados do sul do país estão diretamente ligados a frigoríficos.

Lobby viral

Tanto no Brasil como nos Estados Unidos ele aconteceu, como explicou Allan, de forma semelhante. Em ambos, houve a proliferação de Fake News sendo ignorada a existência da doença, diversas tentativas de luta contra orientações e normas de proteção de segurança e saúde do trabalhador, dentre outras. Para acompanhar a apresentação completa, clique no vídeo abaixo:



Fonte: Cesteh

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