Desigualdades regionais no acesso ao parto hospitalar continuam crescendo no Rio de Janeiro
Por Clara Rosa Guimarães, jornalista de CSP
Pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (CDTS/Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizaram um estudo, publicado em Cadernos de Saúde Pública, abrangendo as desigualdades regionais no acesso ao parto hospitalar no estado do Rio de Janeiro, destacando mudanças entre 2010 e 2019.
A investigação sobre os padrões de deslocamento das gestantes é de suma importância para assegurar a equidade no acesso aos serviços de saúde. Bruna Fonseca, coautora do artigo e pesquisadora do CDTS, destaca que "entender como as gestantes se deslocam entre cidades para dar à luz em hospitais é fundamental para garantir que todas tenham a mesma chance de receber os cuidados de saúde necessários durante o parto, o que é essencial para a saúde da mãe e do bebê".
A análise de dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS revelou que, nos últimos dez anos, o deslocamento intermunicipal de gestantes aumentou de 15,9% para 21,5%. A distância média ponderada de deslocamento para o parto cresceu 5,7%, de 24,6 quilômetros para 26. O tempo de deslocamento rodoviário aumentou de 37,8 para 40,6 minutos, e o tempo utilizando transporte público subiu de 76,4 para 96,1 minutos.
O estudo revela que o acesso ao parto hospitalar no estado do Rio de Janeiro é desigual e não apresentou melhorias significativas na última década. As regiões Centro Sul, Baía da Ilha Grande e Noroeste enfrentam maiores dificuldades de acesso ao parto hospitalar. Em oito dos 11 municípios da região Centro Sul,
todas as gestantes residentes se deslocaram para realizar o parto, quase metade (48,9%) das gestantes residentes na região. Na Baía da Ilha Grande e Noroeste, as residentes percorrem as maiores distâncias (90,9 e 132,1 quilômetros) e levam mais tempo para chegar ao hospital (96 e 137 minutos), enquanto na região Metropolitana, os deslocamentos são menores (21,6 quilômetros e 37,2 minutos). "Os resultados da pesquisa mostram os obstáculos da atenção materno-infantil e ajudam a direcionar recursos e estratégias de forma mais eficiente, priorizando as áreas mais vulneráveis", conclui Bruna Fonseca.
*Crédito foto: Freepik Banco de Imagens.
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