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ENSP debate o papel da formação em Saúde Coletiva no Brasil para o fortalecimento da democracia

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Publicado em:24/05/2022

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) tem como uma de suas principais missões institucionais a formação de profissionais para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), além de gerar e compartilhar conhecimentos e práticas que promovam o direito à saúde e a melhoria das condições de vida da população. Nesta perspectiva, ela está desenvolvendo seu Planejamento Institucional Participativo. O PIP é uma oportunidade inédita de construir de forma participativa um conjunto de objetivos estratégicos para ENSP para os próximos anos. Pensando na sua missão de formação de profissionais, foi realizado no âmbito do PIP/ENSP, o seminário “A formação em Saúde Coletiva no Brasil: desafios e perspectivas”.

O seminário contou com a participação de Gulnar Azevedo, professora titular do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, além da vice-diretora de Ensino da ENSP, Enirtes Caetano, e do diretor da Escola, Marco Menezes. Abrindo o debate Enirtes destacou que o PIP ENSP é uma oportunidade inédita de construir de forma participativa um conjunto de objetivos estratégicos para ENSP para os próximos anos, e que esse processo propiciará à Escola um olhar abrangente, já que envolverá seu coletivo de dirigentes e representantes da sociedade civil organizada como convidados.


A construção participativa do PIP ENSP

O diretor da Escola, Marco Menezes iniciou o seminário destacando algumas ações que a ENSP vem desenvolvendo no âmbito do seu Planejamento Institucional Participativo e lembrou que a realização do seminário, de forma híbrida, está dentro do conjunto de ações do Plano Conviver da ENSP, que reúne as diretrizes para o retorno gradual e seguro das atividades presenciais na Escola. 
“Estar realizando esse seminário é um momento muito importante, pois reflete uma vitória da ciência, do SUS e da saúde pública brasileira. Representa pra ENSP um momento de acolhimento no processo de retorno gradual e seguro. Todas essas questões são fundamentais para nosso momento atual de planejamento das próximas ações. É importante lembrar que o planejamento está em construção e que ele é um processo continuado, por isso, é fundamental discutir a democracia do país dentro das instituições públicas”, ressaltou.

Menezes pontuou que o Programa VIVO, elaborado para a campanha eleitoral da direção da ENSP, é uma referência para o Planejamento Institucional Participativo, exatamente por ter sido construído de forma participativa. Ele elencou uma série de ações e atividades que foram desenvolvidas na Fiocruz e na ENSP, que contribuirão com o PIP ENSP, como as discussões do IX Congresso Interno da Fiocruz (maior instância de participação democrática da Fundação), com o seminário preparatório realizado pela ENSP, o documento final do Congresso Interno e Carta à sociedade; além da discussão realizada no último aniversário da Escola (67 anos), que colocou em evidência o cenário de crise na esfera política, econômica e ambiental do país e a necessidade da construção de agendas voltadas para a melhoria das condições de vida da população; e a reunião do Conselho Deliberativo, com a integração dos novos chefes de departamento, que recebeu o diretor do Cris/Fiocruz Paulo Buss, para debater a pandemia, geopolítica global na diplomacia em saúde e a conjuntural atual do SUS. 

“Todas essas ações se configuram no processo de construção do PIP ENSP, que contará com a participação dos dirigentes da Escola e da sociedade civil. Em nossa agenda está a elaboração do Caderno do PIP e, ao final de maio, será apresentado o Termo de Referência com a apresentação metodológica e o percurso metodológico para a construção do TR. A proposta central da ENSP, destacada pelo Programa Vivo, é a defesa do SUS e da democracia como orientadora do nosso planejamento interno”, destacou o diretor. Por fim, diante cenário do país, ele destacou as ações da ENSP no âmbito da formação em Saúde Pública e seus principais desafios diante das ameaças do desinvestimento público na educação superior e na pós-graduação no Brasil.

Planejamento das instituições públicas como referência pra sociedade

A professora titular do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Gulnar Azevedo destacou em sua fala que discutir estrategicamente o que desejamos é um passo muito importante para as instituições públicas brasileiras. “Colocar a discussão sobre o planejamento para a sociedade é fundamental para saber o que queremos enquanto sociedade. Neste contexto, é importante discutir sobre o que já vinha acontecendo no Brasil antes da pandemia de Covid-19. A Abrasco e outras instituições constantemente já vinham tentando mobilizar a sociedade sobre o processo de desfinanciamento do SUS, que sem dúvida, é um dos maiores problemas do Sistema Único de Saúde”, ponderou.

No âmbito da formação, a professora lembrou que antes da pandemia de Covid-19, a formação de profissionais também teve um lado afetado que levou a quadro de diminuição da busca pela formação em saúde pública. “Com a pandemia o SUS ficou em evidência, mostrando todas as suas fortalezas, mas expondo também, suas fragilidades. Esse é o momento da Fiocruz refletir sobre o seu papel nacional e enfrentar o desafio de uma formação que contribua com o fortalecimento do SUS. Para isso, pensar no financiamento, que é um dos maiores problemas do SUS é fundamental. É importante reconhecer a precarização dos profissionais do SUS e reforçar isso para que esse quadro seja revertido e o fortalecimento do SUS seja alcançado em todas as esferas”, refletiu.

Sobre a situação nos últimos dois anos, Gulnar falou sobre o financiamento para ciência e tecnologia nesse período e reforçou sua importância para o processo de formação em saúde pública. A professora citou algumas ações que podem contribuir com a formação, como as interações de troca de professores junto aos Programas de Pós-Graduação, além do fomento de propostas e a estruturação da formação de Redes de Pesquisa. “A possibilidade de trabalhar de forma interdisciplinar deve ser colocada em prática dentro do Planejamento Institucional Participativo da ENSP. É fundamental pensar nessa construção em como incluir no planejamento a participação dos movimentos sociais organizados em diversas esferas, para que de fato façamos pesquisa inclusiva e construída coletivamente”.

Por fim, Gulnar Azevedo, que presidiu a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) entre 2018 e 2021, reforçou que estamos em um momento decisivo para o Brasil. “Estamos muito próximos de mudar o jogo e construir um novo país com direitos iguais para todas e todos. Precisamos trabalhar juntos e teremos um enorme desafio para reconstruir nosso país. Esse é o momento de defesa da vida, da democracia e do fortalecimento do Sistema único de Saúde”, finalizou.

A formação em Saúde Publica e o compromisso da Fiocruz com a sociedade

A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, iniciou sua apresentação destacando que discutir o planejamento da ENSP é muito oportuno no momento em que a Escola está retomando suas atividades gradativamente de maneira presencial, além de ser um momento de luta política e defesa da saúde. Nesta perspectiva, citou algumas ações que a Fiocruz vem desenvolvendo para ampliar os espaços de participação, como a agenda aprovada durante o último Congresso Interno, o documento elaborado pela Fundação sobre seus compromissos com a sociedade, e o Plano de Desenvolvimento Institucional da Educação da Fiocruz.


No âmbito da formação em saúde pública a vice-presidente pontuou alguns desafios que tem relação com o campo da saúde coletiva e destacou que todas as dimensões são importantes. A ideia da interdisciplinaridade na pós-graduação foi um ponto abordado por ela, que questionou se o que está sendo feito, em termos de interdisciplinaridade nos processos formativos, é o suficiente. “Com a pandemia de Covid-19 essa discussão se reforçou ainda mais, pois se trata de um desafio para a saúde de forma geral”, explicou. As transformações no SUS também foram citadas pela pesquisadora que alertou ser fundamental discutir essas transformações de forma profunda com os estudantes. 

Segundo a vice-presidente, no campo da educação, existem desafios em todos os níveis, mas é necessário reafirmar a cada dia o compromisso com a uma educação de qualidade, estimular políticas de incentivo a juventude, e incentivar o acesso a graduação e a pós-graduação no Brasil. “Que os nossos jovens desejem fazer ciência e que os profissionais de saúde desejem trabalhar no SUS e tenham orgulho disso. Precisamos tornar interessante para os jovens principalmente, para que eles queiram seguir o caminho da saúde e da ciência”. 

Outro aspecto da formação em saúde que, de acordo com Cristiani, precisa ser debatido são as desigualdades sociais. Para ela, o assunto deve ser tratado como tema e objeto de análises nos cursos da Fiocruz, além da importância do desenvolvimento de estratégias institucionais que mantenham os alunos nos cursos de pós-graduação. Por fim, Cristiani Vieira Machado abordou os processos formativos para além da sala de aula, com o desenvolvimento de iniciativas de integração entre os programas de pós-graduação, além do diálogo com a sociedade para que todos compreendam o trabalho desenvolvido pela Fiocruz e por outras instituições públicas de ensino e pesquisa. 

O papel do novo sanitarista

Após as exposições de Gulnar Azevedo e Cristiani Vieira Machado, a vice-diretora de Ensino da ENSP, Enirtes Caetano, fez um breve apanhado das falas e de todos os desafios colocados no âmbito da formação em saúde pública. Nesse contexto, foi debatida também, a ideia da formação do novo sanitarista, diante de todas as mudanças na área da saúde nos últimos anos. Para
Gulnar Azevedo, o que o novo sanitarista não pode perder, de forma alguma, é o vínculo com a responsabilidade que a saúde é um direito de todos e que o SUS é 100% público. “Os novos sanitaristas precisam ter claro em sua concepção que são formados para atender as necessidades de saúde da maioria da população, e para isso, é fundamental uma concepção de saúde ampla”, encerrou.

Confira, abaixo, o seminário na íntegra, disponível canal da ENSP no Youtube




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