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Dia Mundial da Alimentação (16/10): fome no Brasil aumentou e tem gênero e raça

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Publicado em:15/10/2021

Não há como esquecer o sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, quando disse que “a alma da fome é política”. O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, no contexto da Covid-19, mostra por que, no Brasil, a fome tem gênero e raça. No levantamento do Datafolha, em que 88% dos entrevistados disseram perceber que a fome no país aumentou, a situação também é mais sentida por mulheres, negros e pessoas menos escolarizadas — faltou comida para 40% dos que têm apenas o ensino fundamental completo. É o que temos no Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro.

“O Brasil vive um pico epidêmico da fome”, registra o site da Rede Penssan, apontando que a crise econômica agravada pela pandemia está fazendo com que a insegurança alimentar se estenda inclusive entre os que não se encontram em condição de pobreza. Cerca de metade dos entrevistados relatou redução da renda familiar durante a pandemia, provocando cortes nas despesas essenciais. Esses lares constituem o grupo com maior proporção de insegurança alimentar leve — por volta de 40%, o que sugere o impacto da pandemia também entre famílias que tinham renda estável.

É verdade que a insegurança alimentar cresceu em todo país, mas as desigualdades regionais seguem acentuadas. “Proporcionalmente, ainda há uma maior parte da população em situação de fome no campo, mas a gente já vê quantitativamente e em grandes proporções, não somente no Norte ou Nordeste, mas nas grandes cidades em diferentes pontos do país”, analisa Francisco Menezes, Menezes, economista e analista de Programas da ActionAid. “Se pudéssemos usar uma palavra, diríamos que a fome se ‘alastrou”, mostrando-se muito nitidamente aos olhos de todo mundo”. O curioso é que a fome aumenta no Brasil em um momento em que a produção de alimentos cresce exponencialmente.

Em 2020, o país alcançou a safra recorde de grãos, exportando não apenas milho, soja e café, mas também produtos como arroz e feijão, de acordo com o IBGE, que prevê uma safra ainda maior para este ano. Francisco tem uma explicação para o paradoxo: o agronegócio encara o alimento como mercadoria. “Ele não vislumbra em nenhum momento a perspectiva de alimentar uma população em sua maioria empobrecida. Ele trabalha em cima do lucro. Daí o seu apego a colocar no mercado externo”. Por isso mesmo, ele pontua, não dá para ter expectativa de que esse modelo vá garantir comida na mesa do brasileiro.

De acordo com Elisabetta Recine, coordenadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da UnB e integrante do Grupo de Trabalho (GT) Alimentação e Nutrição na Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), por estar voltado para o mercado exterior, para a produção de ração ou de matéria-prima para ultraprocessados, o agronegócio passa pela pandemia praticamente incólume. “Ao contrário do que anuncia, ele não alimenta o país. E também não deixa o país mais rico, porque todo o valor que produz está muito concentrado na mão de poucos”, diz. “O agronegócio não é um modelo produtivo que distribui riqueza. Ele concentra riqueza”. Por outro lado, indagada sobre o papel da agricultura familiar e da agroecologia no enfrentamento à fome no país, a nutricionista lembra que não são poucas as experiências e estratégias que se mostram viáveis e fundamentais, sejam elas de solidariedade ou de abastecimento local.

Elisabetta recorda ainda que quanto mais capilarizados e locais são os processos, maiores as condições para resolver a crise. Ela aproveita para citar uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em municípios do mundo inteiro, em 2020, que demonstrou que cidades que tinham relações mais próximas entre campo e cidade foram aquelas que conseguiram responder mais rapidamente ao problema de desabastecimento e da alta de preços gerados pela pandemia.

Utilizamos dados da reportagem da revista Radis produzida pelos repórteres Ana Cláudia Peres, Luiz Felipe Stevanim e Adriano de Lavor. Leia a matéria da revista, na íntegra, aqui.


Caminhão com restos de carne e ossos


Uma cena dramática e desoladora da crise da fome que tomou o país foi mostrada, no mês passado, pela imprensa. Um caminhão com restos de carne e ossos, no Rio de Janeiro, virou um ponto de distribuição para moradores que têm fome e não possuem dinheiro suficiente para comprar alimento. Precisamos nos mobilizar porque a fome tem pressa, como dizia Betinho, imortalizado pela Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, movimento que criou, em 1993, em favor dos pobres e excluídos.  .


Para ajudar a quem precisa


Action Aid no combate à fome — combateafome.org.br/


Auxílio até o fim da pandemia — www.auxilioateofimdapandemia.org/


A Voz do Lins (Rio de Janeiro): https://www.instagram.com/avozdolins


Ser Ponte (Fortaleza): https://benfeitoria.com/serpontefortaleza


Brasil Sem Fome (Ação da Cidadania) — www.acaodacidadania.org.br/


Comida na Mesa G10 Favelas — https://g10favelas.com.br/


#CoronaNoParedão #FomeNão — https://gerandofalcoes.com/coronanoparedao


Gente É pra Brilhar — https://genteprabrilhar.org/


Mães da Favela — www.maesdafavela.com.br/


Rede Solidária MLB — www.mlbbrasil.org/redesolidaria


Tem Gente com Fome — www.temgentecomfome.com.br/


Respira Xingu — www.respiraxingu.com.br/


Rio Negro, nós cuidamos (Foirn) — https://noscuidamos.foirn.org.br/


SOS Periferia — www.instagram.com/sos.periferia/


Coletivo Rebento (CE) — www.facebook.com/coletivorebentomedicos/


Banco de alimentos — https://bancodealimentos.org.br/


Brigadas de Solidariedade (SP) — www.instagram.com/brigadasolidaria.sp/


Faça um Bem Incrível — https://bit.ly/3vLTDEj


Mutirão Contra a Fome (RJ) — https://bit.ly/3uKrgEU


Frente Humanitária Lá da Favelinha — https://bit.ly/2TFosMR


Unidos contra a Covid-19 (Fiocruz) — https://bit.ly/3cckNfz


Brigada Solidária (Curitiba) — www.instagram.com/brigadasolidaria.curitiba/


Brigada Solidária (Foz do Iguaçu) — www.instagram.com/brigadasolidaria.foz/


Misturaí (Porto Alegre) — https://apoia.se/misturai






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