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Programa Nacional de Imunizações e Covid-19: desafios a uma história de quase meio século de sucesso

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Publicado em:18/01/2021


Por: Andréa Vilhena e Eliane Bardanachvili

Nas últimas semanas, tem sido recorrente a menção ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) brasileiro, nas falas de sanitaristas, gestores e jornalistas, entre outras vozes. Embora tenha ganhado evidência a propósito da expectativa pela vacinação contra a Covid-19 no Brasil, o PNI vem de longe e, ao longo das décadas, alcançou reconhecimento mundial, por seus aspectos tecnológicos, logísticos e estratégicos. É um dos maiores programas de vacinação do mundo, com 47 anos de expertise em vacinação em massa. “O PNI é exemplo mundial de como se organiza o sistema de vacinação em uma população de mais de 200 milhões de pessoas e em um território do tamanho do Brasil. Tal conquista envolve uma complexidade logística, em termos de inovação social, tecnológica, e de política de saúde”, diz Carlos Gadelha, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos para a Saúde do Ministério da Saúde (2011-2015) e coordenador e líder do grupo de pesquisa sobre desenvolvimento, complexo econômico industrial e inovação em saúde da Fiocruz.

Alguns números, que vêm sendo frequentemente veiculados na mídia, dão uma ideia dessa eficiência: o país vacina em um só dia 10 milhões de crianças contra a poliomielite, anualmente (em 1989, a doença foi erradicada); em 2010, por ocasião do enfrentamento do vírus H1N1, foram vacinadas 80 milhões de pessoas em três meses; um ano antes, em 2009, 40 milhões de adultos jovens se vacinaram contra rubéola e síndrome de rubéola congênita. Outros dados podem ser acrescentados a esse panorama: em relação à vacina contra a febre amarela, por exemplo, o país, por meio da Fiocruz, além de atender a demanda de toda a sua população, exporta o imunizante; doenças como sarampo, tétano neonatal, formas graves da tuberculose, difteria, tétano acidental, coqueluche estão, hoje, controladas.

“No momento em que as vacinas contra a Covid-19 forem liberadas pela Anvisa, o Brasil tem todas as condições de fazer com brilhantismo a vacinação da população brasileira e atingir alto grau de cobertura”, afirma em entrevista ao blog do CEE-Fiocruz o ex-ministro da Saúde e pesquisador do Centro, José Gomes Temporão.

Ele destaca a singularidade do PNI, assinalando os dois braços do programa: “O Brasil desenvolveu, ao mesmo tempo, capacidade de produção tecnológica de vacinas e uma outra tecnologia tão importante quanto essa, que é a do desenvolvimento de estratégias de massa, de vacinação de grandes contingentes populacionais, com mobilização da sociedade”, observa. “Esses processos caminharam juntos. E o resultado está nas estatísticas: o Brasil reduziu drasticamente a prevalência de doenças imunopreveníveis”.

A capacidade de atuação territorial do PNI, promovendo o acesso universal às vacinas desde as comunidades longínquas do interior do Amazonas e as pequenas cidades do Semiárido nordestino, até as favelas dos grandes centros urbanos, por meio da superação das desigualdades entre regiões e localidades no passado, chamou a atenção de outros gigantes, como lembra Gadelha, que participou do recém-lançado livro Vacinas e vacinação no Brasil: horizontes para os próximos 20 anos. “Nós éramos exemplo para a China, exemplo para União Soviética. A China não tem um sistema universal. Quando eu era secretário, vinham missões chinesas para tentar entender o nosso programa de vacinação e buscar fazer algo semelhante”.

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Fonte: CEE/ENSP
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