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Abrascão aborda desafios da saúde indígena no país

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Publicado em:19/11/2012

O Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas é o maior estudo sobre o assunto já realizado no país. Uma radiografia das condições de vida desses povos, o estudo foi tema da apresentação do pesquisador da ENSP e coordenador-geral do estudo, Carlos Coimbra Jr, no 10º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. A exposição, realizada em 16/11, fez parte do painel Saúde e povos indígenas no Brasil: desafios nacionais e insights locais, coordenado pelo pesquisador convidado da Escola James Welch. “Os dados consolidados na pesquisa mostram, infelizmente, o quanto é difícil ser índio no Brasil”, afirmou Coimbra.

Abrascão aborda desafios da saúde indígena no país
 
A pesquisa revela que, atualmente, os povos indígenas estão presentes em todos os estados do país, exceto no Piauí e no Rio Grande do Norte, e as terras indígenas ocupam aproximadamente 15% do território nacional. Resultados apontam para uma ampla mudança do perfil epidemiológico-nutricional. Nesse quadro preocupante, as crianças parecem ser particularmente atingidas, mas adolescentes e adultos também não estão livres de problemas de ordem nutricional.
 
“Temos de pensar como reverter o cenário negativo da saúde da população indígena no país”, afirmou o pesquisador. Alguns dos dados apresentados mostram que a região Norte é a que concentra o maior número de partos indígenas em aldeias, ao contrário da região Sul, onde os partos ocorrem em hospitais. Além disso, a cobertura pré-natal indígena também é menor na região Norte. “Percebermos ainda que as vantagens de um parto hospitalar para uma pessoa não índia é maior do que para a população indígena. Isso é uma discrepância para nosso sistema universal”, disse.
 
O estudo mostrou que 66% das crianças da região Norte sofrem de anemia infantil indígena. Em todo o país, 54% das crianças indígenas estão anêmicas, contra apenas 18% das demais crianças. Outro problema enfrentado é a prevalência de crianças cronicamente desnutridas: são 28,6% das crianças indígenas contra apenas 7,1% das não indígenas.
 
“Percebemos, com os dados coletados no inquérito, que ser índio no Brasil não é fácil, uma vez que eles não têm o mesmo acesso ao sistema de saúde e, muitas vezes, não têm seus direitos respeitados”, ressaltou Coimbra. O pesquisador lembrou que isso contradiz a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas em vigor, que é regida por um conjunto de normas cujo objetivo é o estabelecimento de mecanismos específicos para a atenção à saúde indígena, conformando um subsistema no interior do Sistema Único de Saúde.

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