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Livro e fotografias marcam início dos 58 anos da ENSP

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Publicado em:11/09/2012

Livro e fotografias marcam início dos 58 anos da ENSP"Creio que nenhum país esteja preparado para viver o pior. Hoje, o Brasil não está preparado para ter 50 mil homicídios por ano, nem para ter a terceira maior população carcerária, porém lidamos com isso. Sobre a expansão do consumo de drogas, dados internacionais mostram o grande engano na forma como é debatida a proibição do seu uso, pois a suposta proibição não inviabiliza o acesso a elas. As melhores políticas do mundo e investimentos bilionários não foram capazes de deter o acesso a essas substâncias e produtos", disse o cientista político Luiz Eduardo Soares durante o lançamento de seu último livro Tudo ou Nada, na abertura das comemorações pelos 58 anos da ENSP. Na ocasião, também houve a inauguração da exposição fotográfica de Cid Fayão. Em sua opinião, as redes sociais e as oportunidades como esta permitem a todos que revisitem e revivam momentos.
 

Trabalhadores, colaboradores, alunos e ex-funcionários se divertiram vendo as mais de 40 fotos que compõem a exposição de Cid Fayão, instalada na Tenda da Saúde. Para Cid, o advento das redes sociais facilitou o compartilhamento desses momentos e proporcionou a realização desta exposição. “Estou aposentado e, há mais de um ano, resolvi começar a juntar esses retalhos de história que tinha comigo e publicar na rede social Facebook. Muitas pessoas começaram a ver e comentar a alegria de reviver momentos com as fotos publicadas na minha página pessoal. Foi então que Maria Inês Fernandes, da CCI/ENSP, teve a ideia da exposição e me convidou. Fiquei muito feliz e aceitei na hora”, contou Cid. 

 

Ele explicou que, no período em que trabalhou na Fiocruz, sempre teve a preocupação de também registrar as pessoas em momentos fora de suas atividades de trabalho. Portanto, esta exposição nada mais é que pequenos fragmentos do cotidiano da instituição. “Ela foi feita com os arquivos que eu tinha comigo, mas vou continuar na busca por outras fotos e lembranças que amigos e conhecidos têm”. 

 

Livro apresenta sistemas penitenciários inglês e brasileiro

 

O livro Tudo ou Nada narra a história de um brasileiro condenado, em Londres, a 24 anos de regime fechado por associação ao tráfico, com duas toneladas de cocaína. “Ele operava a relação entre a Europa, particularmente a Inglaterra, e o Cartel de Cali, na Colômbia. O personagem do livro é um economista que já está em liberdade e se dispôs a contar sua história”, disse o autor. Luiz Eduardo revelou que seu interesse com este livro foi comparar os sistemas penitenciários inglês e brasileiro, uma vez que o personagem passou 12 anos preso na Inglaterra, sendo 4 em solitária, e 12 anos no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. 

 

“Como alguém sobrevive mentalmente, espiritualmente e até fisicamente a tudo isso? Esta história me despertou e, aos poucos, fui percebendo que a questão das drogas era muito importante, até porque nos trazia os bastidores, ainda ignorados, dessas operações internacionais. A princípio, o título do livro seria Duas toneladas de cocaína não contam a história de um homem, mas a história de qualquer pessoa é sempre superior a isso”, admitiu ele.

 

Luiz Eduardo explicou ainda que, entre a saída da selva colombiana e o varejo inglês, a droga sofre misturas que reduzem o seu teor de pureza em seis vezes. “Ela sai da selva com 85% de pureza e é vendida com apenas 15% de pureza. Para estudiosos nas áreas de saúde, fica muito claro o motivo do abuso de certas drogas, nesse caso a cocaína. Quando chega a produzir efeitos deletérios, destrutivos ou até mortais, o faz sobretudo por conta da mistura dessas características que não são intrínsecas à substância original, ainda que ela seja maléfica e produza seus próprios efeitos deletérios”, disse. 

 

O cientista político lembra que, independentemente desta questão, o acesso às drogas está se dando sem nenhum tipo de disciplina ou controle. Os consumidores não possuem nenhuma informação a esse respeito, nenhum controle da qualidade daquilo que estão comprando, não podem se prevenir ou planejar o seu consumo e não há nenhum tipo de orientação ou apoio para que possam reduzir os danos provenientes do abuso no uso de drogas. 

 

De acordo com ele, dados internacionais mostram o grande engano com o qual se debate a proibição de seu uso. Luiz Eduardo alertou que nem as melhores políticas do mundo e investimentos bilionários foram capazes de deter o acesso a essas substâncias e produtos. “O caos é o que vivemos hoje! As misturas químicas e associações geram novos nichos de mercado que causam graves consequências, como é o caso do crack”, disse. 

 

Ele finalizou lembrando que temos uma política bastante eficaz contra o uso do tabaco. “Ela não criminaliza o usuário, mas está gerando mudança cultural desta prática. A política não inibe e não impede que o fumante exerça sua prática. Mesmo assim, o número de fumantes no país tem diminuído, o que demonstra grande sucesso da política."


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1 comentários
CELINA SANTOS BOGA MARQUES PORTO
11/09/2012 19:43
Quero escrever ao Cid dizendo o quanto fiquei contente de ver a exposição. Quanta alegria senti em rever antigos professores, amigos, colegas de setor. Ainda que dê uma saudade danada rever os que já se foram, não fiquei triste. Logo vem a lembrança situações, conversas, reuniões e todo o agito que elas produziam. Mais ainda. O que toda a gitação significou e dignificou a trajetória percorrida. Gostei do texto também. Além das safenas, mamárias e a prótese conseguida junto ao SUS, o bom humor é arma contra a desistência e o apagamento dos sentimentos e emoções. Obrigada pelo presente que vocec nos trouxe nesta semana de aniversário. Abraços afetuosos Celina Boga